Entre os dias 13 e 16 de outubro de 2025, o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário, em Caratinga (MG), acolheu a 45ª Assembleia da Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (OSIB), do Regional Leste 2. O evento reuniu reitores e formadores de diversos seminários de Minas Gerais, em um ambiente de fraternidade, oração e partilha sobre os desafios da formação presbiteral.
Dom Nivaldo dos Santos Ferreira, bispo auxiliar de Belo Horizonte, e bispo Referencial da Osib Regional Leste 2 presidiu a Celebração Eucarística de abertura do encontro.
O tema central — Formação Presbiteral: Perspectivas e Desafios — foi assessorado pelo Padre Humberto Robson de Carvalho, da Arquidiocese de São Paulo, mestre em Educação e especialista em Catequese, Espiritualidade e Liturgia. Suas reflexões provocaram um fecundo diálogo sobre a identidade do ministro ordenado, o papel das casas de formação e a missão dos formadores diante das novas realidades culturais e pastorais.
Durante as conferências, o assessor destacou que a fraternidade é o ponto essencial da vida cristã e que, sem ela, não estamos inseridos na iniciação à na vida cristã. Chamou a atenção para a necessidade de proximidade e diocesaneidade, recordando que o ministro ordenado é, antes de tudo, um discípulo missionário a serviço de Deus e da Igreja, não o centro dela — pois somente Cristo é a referência.
Padre Humberto apresentou cinco elementos essenciais para o processo formativo atual, a partir da proposta do prof. Padre Francisco Taborda, no artigo: Desafios atuais ao ministério ordenado na realidade do Brasil:
“1 Eclesializar o ministério: responde à exigência de antepor a comunidade de fé à figura daqueles que presidem essas comunidades em vista de sua unidade na fé e no amor. 2 Dessacerdotalizar o ministério: convida a evitar estabelecer mediadores entre Deus e a humanidade, já que com Jesus de Nazaré, o Cristo, homem e Deus, as mediações se tornaram dispensáveis, graças ao único e definitivo Mediador. 3 Dessacralizar o ministério: evoca a necessidade de não pensar o ministério ordenado no contexto da oposição entre sagrado e profano, que é o pano de fundo para pensar o sacerdócio nas religiões da humanidade. 4 Missionarizar o ministério: sublinha que a Igreja não é um fim em si, mas um meio para levar o Evangelho do Reino a todos os recantos do mundo e, nessa perspectiva, o ministério ordenado deve ser vivenciado. Por fim, mas não em último lugar: 5 ‘Gentificar’ os ministros (que sejam ‘gente’): chama a atenção a que o ministro da Igreja, antes de ser cristão, precisa ser ‘gente’, isto é, deve humanizar-se” (TABORDA, 2024, p. 763).
As reflexões abordaram ainda a realidade contemporânea dos formandos, marcada por uma cultura digital, pela fragmentação das experiências e por espiritualidades individualistas. O assessor insistiu na importância de formar presbíteros enraizados na comunidade, capazes de viver a fé de modo encarnado e relacional, e de cultivar uma espiritualidade equilibrada entre o real, o digital.
Também refletiu sobre a pessoa do formando como sujeito do processo formativo. A formação, lembrou-se, deve ser centrada na pessoa, não em objetivos abstratos. O verdadeiro caminho formativo é aquele que ajuda o vocacionado a configurar o próprio ser ao ser de Cristo, respondendo pessoalmente ao chamado que o identifica como discípulo e pastor.
Outro ponto do encontro foi a redefinição do papel do formador, compreendido como membro de uma comunidade eclesial sinodal, chamado a acompanhar com proximidade e testemunho. A formação, ressaltou-se, é um processo essencialmente sinodal, que exige escuta, discernimento e fraternidade. O formador não é um fiscal ou burocrata, mas alguém que educa pelo exemplo e que, ao mesmo tempo, mantém uma relação humana e equilibrada com os seminaristas.
A assembleia foi encerrada com a Celebração Eucarística, presidida pelo padre Marcos Tiago da Silva, presidente da OSIB Leste 2 e com uma confraternização organizada pelo Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário. Foi um momento de partilha e de celebração entre os padres formadores e os seminaristas que estudam em no Seminário Diocesano.