Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

VIGÍLIA PASCAL – SÁBADO

08/04/2023 . Comentários Homiléticos

Vamos dar uma ideia geral das leituras de hoje. A quantidade não permite aprofundamento. As leituras de hoje querem mostrar a caminhada de Deus com seu povo, trazendo libertação e vida.

1ª LEITURA – Gn 1,1. 26-31a

Aqui temos a criação do céu, da terra, do homem e da mulher. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, ou seja, com traços divinos. Deu-lhes com sua bênção o poder da fecundidade, o poder de multiplicar-se e administrar a criação. E o que Deus fez era muito bom.

2ª Gn 22,1-2.9a.10-13. 15-18

Estamos diante de uma grande prova de fé. Uma fé vivida no silêncio. Confiança sim. Mas talvez mais do que confiança, a fé é uma entrega, Deus tirou o chão dos pés de Abraão e ele continuou a acreditar. Prometeu-lhe longa descendência e pede-lhe o único e possível (!) herdeiro em sacrifício. A essa altura encheríamos Deus de perguntas; arriscaríamos até blasfêmias, pois muitos o fazem por razões menores. Abraão silencia-se e prepara a oferta. É a grande prova. Por trás do texto está a rejeição por parte de Israel dos sacrifícios humanos (crianças principalmente) dos cultos cananeus. O texto quer mostrar que Deus não quer sacrifícios humanos.

Em silêncio doloroso Abraão prepara a entrega total. Entregar o filho único é entregar tudo, todo o futuro. É quase devolver a Deus tudo o que Deus prometeu. Mas Abraão conservou a fé na providência de Deus. Quando Isaac pergunta sobre a vítima do sacrifício, Abraão responde: “Deus providenciará”. No momento do sacrifício, Abraão revela o trágico desígnio de Deus. A vítima será o filho Isaac. Isaac aceita, obediente. Coração estraçalhado do pai e do filho. Rasgos de obediência e de fé inefáveis. Momentos de dor, uma mistura de aceitação e agonia.

Caberia bem uma pergunta naquele momento. Só uma: Será que Deus não vai intervir? É isso mesmo que ele quer? Mas a grandeza da fé do grande patriarca o faz engolir secas as razoáveis perguntas naquele momento fatal e fúnebre. Abraão não reserva para si nada. Esvaziou-se até mesmo de perguntas. Entregou tudo. Exatamente neste momento Deus intervém.

Abraão superou a grande prova. Isaac é substituído por um cordeiro, pois assim a lei mosaica exigia para o resgate do primogênito. Deus recompensa a grande fé do patriarca: abundância de bênçãos, descendência numerosa. “Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque tu me obedeceste”. Jesus Cristo, descendente de Abraão é bênção de Deus para todos os povos. O sacrifício de Isaac é prefiguração do sacrifício de Cristo.

3ª LEITURA – Ex 14,15-15,1

Este trecho narra a libertação do povo da escravidão egípcia, através da passagem do Mar Vermelho. É Deus vindo ao encontro do seu povo escravizado e trazendo-lhe a libertação através de Moisés. Os egípcios reconhecem a ação de Deus nesta frase: “Vamos fugir de Israel, pois o Senhor combate a favor deles, contra os egípcios”. Tudo isto prefigura a vitória de Cristo sobre a escravidão do pecado, trazendo libertação e vida para todos os que creem.

4ª LEITURA – Is 55,1-11

O povo, de novo, se afastou de Deus com seu pecado. Mas é só em Deus que o povo encontra abundância de vida. O profeta anuncia, aqui, a vida gratuita oferecida por Deus. Para isso é preciso apenas escutar a sua voz, e buscá-lo através de uma mudança de vida, pois Deus é generoso no perdão. Seus pensamentos, seus caminhos e misericórdia são totalmente diferentes dos pensamentos, caminhos e misericórdia do homem. Sua palavra fecunda e salvadora é comparada com a chuva e a neve, que fecundam a terra. A palavra de Deus sempre cumpre a sua missão.

5ª LEITURA – Rm 6,3-11

O apóstolo Paulo explica o significado da vida nova através do batismo. O batismo, mergulho na água, simboliza a morte para o pecado. Se com Cristo fomos sepultados na morte, com ele também devemos ressuscitar para uma vida nova. O sair da água simboliza a ressurreição, a vida nova. Batizar, jogando água sobre a cabeça da criança, não deixa transparecer com tanta clareza este aspecto fundamental do batismo – mergulho que é a entrada na água (morte) e a saída da água (vida nova). A libertação que Cristo alcançou para nós através da cruz, nós a acolhemos através do batismo.

EVANGELHO – Mt 28,1-10

Temos aqui um dos relatos da Ressurreição, que, como os outros, não pretende ser uma prova histórica da ressurreição de Jesus. A ressurreição é meta-histórica, transcende a história. O texto expressa bem o fundamento da fé da comunidade primitiva. Jesus passou da morte para a vida, não para a nossa vida com todos os seus limites, mas para a vida de Deus, rompendo todos os seus limites, rompendo todas as barreiras, todos os obstáculos.

O evangelista usa uma linguagem apocalíptica com seus simbolismos próprios que deixam uma impressão profunda no leitor.
O Dia após o sábado, o primeiro da semana (alusão ao primeiro dia da criação (cf. Gn 1,5) é o que hoje chamamos dia de domingo. Ganhou este nome, exatamente, por causa da ressurreição do Senhor (em latim “dominus”, daí, domingo). Depois da ressurreição de Jesus, o sábado judeu foi perdendo o sentido. Hoje, como em todos os tempos, desde o início, os cristãos guardavam o dia domingo, que é o dia da nova criação, o dia da ressurreição, o dia do Senhor (cf. Ap 1,10; At 20,7; 1Cor 16,2). Com a ressurreição começa um mundo novo, a criação definitiva.

As mulheres que vão ao sepulcro são as duas Marias (cf. 27,56-61). A ressurreição é uma vitória sobre a morte, é uma libertação da prisão, dos limites deste mundo, é o triunfo de Deus. Mateus mostra isto, primeiro com a linguagem da pedra-removida, através de um grande terremoto (sinal da teofania ou manifestação de Deus, como em 27,51) e, depois, com a presença do anjo de Deus, que tranquiliza as duas Marias. O anjo, revestido da glória divina (cor branca), diz: “Não temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois ressuscitou, conforme havia dito”. Eis a grande novidade: Jesus ressuscitou. O anjo mostra para as mulheres o túmulo vazio. A pedra removida elimina a separação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos (cf. 22,32). Depois, o anjo transforma as mulheres em evangelizadoras com uma ordem: “Ide contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que ele vos precede na Galiléia (cf. 26,32)”.

Em Mateus, as mulheres cumprem a ordem do anjo. Em meio ao medo e a alegria elas correm para anunciar aos discípulos a grande, inaudita e confortadora mensagem: Jesus ressuscitou. A surpresa foi muito grande para as mulheres, que foram apenas visitar, entristecidas, o cadáver de Jesus. Elas representam toda a comunidade na sua dificuldade de crer. Surpresa maior acontece agora no v. 9, quando Jesus, em pessoa, vai ao encontro delas e diz: “Alegrai-vos”. Com esta simples saudação o evangelista faz alusão a 5,2 final das bem-aventuranças diante das perseguições: “Alegrai-vos e regozijai-vos, pois Deus vos dará uma grande recompensa”. Agora, Jesus mostra com sua ressurreição qual é a recompensa dos que sofrem como ele e por ele. Jesus repete a mesma ordem do anjo, mas com uma novidade. Ele chama os discípulos de irmãos. Ele agora pode fazê-lo, pois o Espírito já está disponível, o Espírito que nos faz a todos filhos do mesmo Pai.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga

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