Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

5º DOMINGO DA PÁSCOA

07/05/2023 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – At 6,1-7

Nos Atos dos Apóstolos, São Lucas vai descrevendo o nascimento, vida e crescimento da Igreja, ou se quisermos, o caminho percorrido pela Palavra e os obstáculos que ela vai encontrando. Hoje, o texto detecta um problema e busca-lhe solução. Qual foi o problema? É que o número dos discípulos, tendo aumentado muito, as viúvas dos discípulos de origem grega estavam sendo deixadas de lado no atendimento diário ou serviço à mesa. Este serviço à mesa devia consistir no atendimento durante as refeições comuns com Eucaristia e administração dos bens da comunidade em benefício dos pobres. Por isso os cristãos de origem grega se queixavam dos cristãos de origem hebraica. Qual foi a solução? A solução foi escolher sete homens para essa tarefa. Mais tarde, eles serão chamados de diáconos, embora Lucas não use este termo. Por que surgiu este problema? Parece que os apóstolos estavam centralizando tudo em suas mãos: pregação, oração e serviço à mesa. Ora, quando um quer fazer tudo, primeiro não dá conta, segundo a comunidade fica mal servida, terceiro a maioria fica ociosa e perde o gosto da fé, que se concretiza no serviço.

Como encontram a solução? Primeiro não foi por decisão da cúpula, mas através de uma reunião da comunidade. Segundo: houve uma análise da realidade, uma constatação do problema, um discernimento sobre o que estava certo ou errado, e uma sugestão dos apóstolos (é melhor que vocês escolham entre vocês). A comunidade gostou da idéia. Escolheu sete pessoas com as condições requeridas (boa fama, cheios do Espírito Santo e de sabedoria), e apresentou aos apóstolos. Os apóstolos os confirmaram, encarregando-os da tarefa de servir à mesa. Os apóstolos fizeram isto com uma cerimônia própria, através da oração e imposição das mãos. Houve, assim, a criação de um novo ministério -serviço, que surgiu da necessidade da comunidade. Os apóstolos ficaram mais livres para sua missão própria que era dupla. Primeira, o ministério da Palavra, que consistia no anúncio da Boa Nova, na catequese e na exortação moral. Segunda, o ministério da oração: reunião eucarística e reuniões para a oração comunitária e particular.

2ª LEITURA – 1Pd 2,4-9

“Pedro” desenvolve no texto de hoje o tema da pedra e mostra a identidade cristã. Esta comunidade cristã da Ásia Menor, comunidade de gente simples, migrantes e escravos, são, na verdade, o Novo Israel de Deus, mas os cristãos são convidados a aproximarem-se do Senhor. Quem é o Senhor? É Jesus que, através da sua ressurreição, se tornou a pedra da Nova Aliança, fundamento da Igreja, a pedra angular, escolhida por Deus e preciosa aos nossos olhos. É um tesouro para os que nela se apoiam e creem. Quem nela crê não será confundido. Mas para aqueles que rejeitam a Palavra de Deus, que não creram em Jesus, para aqueles que são os construtores de uma sociedade infame, sem brilho, dividida e corrompida, Jesus é pedra rejeitada, pedra de tropeço e pedra de escândalo. Se pela sua morte, Jesus é a pedra rejeitada pelos homens, pela sua ressurreição, Jesus é a pedra angular posta por Deus, para edificar o novo Templo, a nova casa, onde Deus habita. Quem são os cristãos? Os cristãos são aqueles que, participando da morte e ressurreição de Jesus através do batismo, se tornaram as pedras vivas que formam este novo edifício espiritual. Eles são em si mesmo sacrifício santo, para oferecerem um novo tipo de sacrifício. O sacrifício que agora agrada a Deus não é mais de animais como no Antigo Israel, mas a própria vida dos cristãos, vida de dedicação e comunhão fraterna. Os cristãos são agora a nova raça escolhida, substituindo o Antigo Israel; é o sacerdócio real, o templo, onde Deus habita e cuja vida é um sacrifício santo; eles são uma raça santa na sua luta para realizar o projeto de Deus de transformação da sociedade; eles são o povo que Jesus conquistou com o seu sangue. Chamados das trevas para a luz, os cristãos têm a missão de proclamar as maravilhas de Deus para o mundo.

EVANGELHO – Jo 14,1-12

Os capítulos 13 a 17 de João são chamados discursos de despedida. Jesus está partindo para a casa do Pai. Sua “hora” está chegando. A “Hora” de Jesus significa o momento da sua glorificação através da morte na cruz. No capítulo anterior, Jesus já tinha anunciado a traição de Judas e a negação de Pedro. Os discípulos estão, portanto, confusos e perturbados. Mas Jesus os consola revelando-lhes mistérios profundos. Os discípulos representam a comunidade de João e as nossas comunidades naqueles momentos, onde a fé é indispensável para continuarmos a caminhada. Por isso Jesus diz: Tenham fé em Deus e tenham fé em mim também. Esta primeira advertência de Jesus é uma grande revelação, que Jesus vai aprofundar nos versículos seguintes. Por que nós devemos ter fé em Jesus? Porque Jesus é Deus. Há religiões que acreditam na Bíblia, mas não acreditam que Jesus é Deus, por exemplo: “As testemunhas de Jeová”. O segundo ensinamento consolo, que Jesus dá aos discípulos-comunidade é que na casa do seu Pai, isto é, no céu, há muitas moradas e Jesus está indo exatamente para nos preparar uma mansão. Quem nem mesmo um barraco teve no meio de nós, terá, sem dúvida, uma mansão no céu. A terceira revelação é que Jesus é caminho, verdade e vida. Jesus é o único jeito de chegarmos ao Pai. Ele é tudo que a gente precisa: é o caminho, é a verdade e é a vida. Jesus é o caminho significa que seu caminho é nosso caminho. Devemos subir ao calvário para depois subir ao céu. Subir ao calvário significa servir os irmãos até ao ponto de sacrificarmos nossos interesses pessoais. Jesus é a verdade significa que ele é o autêntico revelador do projeto de amor ao Pai por nós. O Pai nos ama e Jesus, na sua fidelidade, é a prova definitiva desse amor. Jesus é a vida significa que ele é tudo para nós. Fora dele só existe morte. A quarta revelação de Jesus é a mais estupenda por causa da grandeza e clareza. Parte da pergunta-anseio de Filipe. Jesus diz que quem o vê, vê o Pai; diz que ele está no Pai e o Pai está nele. No capítulo 17 Jesus vai dizer que ele e o Pai são uma só coisa. Há revelação mais clara da divindade de Jesus? Jesus homem é o sinal visível (= sacramento) da presença do Pai no meio de nós. Com sua obra coroada com a doação de sua vida, Jesus provou quem ele é.

Se o próprio Deus está a nosso favor, se o próprio Deus deu a vida por nós, por que temer “poderosos” com seus projetos de mentira e de morte? O cristão que vê a dor do povo e cruza os braços é um covarde e mentiroso. Você concorda?

 

Dom Emanuel Messias de Oliveira

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