1ª LEITURA – Ex 17,8-13
Na caminhada para a Terra Prometida, Deus caminha com seu povo matando-lhe a fome (cap. 16) e a sede (17,1-7) e libertando-o de seus inimigos. O trecho de hoje fala dessa vitória contra os amalecitas. Amalec foi sempre para o povo Israelita a personificação da hostilidade e do perigo. Ele representa os que tentam abortar as promessas de Deus de terra e vida para o povo. É um grande obstáculo para o povo na sua caminhada para a Terra Prometida. A batalha acontece em Radifim. A intervenção de Deus acontece mediante a intercessão de Moisés. Moisés dá ordem a Josué de combater o inimigo com certo número de homens. E Moisés, o que ele vai fazer? Ele vai rezar, ele vai interceder junto de Deus pela vitória. Ele sobe para o alto de uma colina com a vara de Deus na mão. Moisés sobe acompanhado de Aarão e Hur. O v. 11 diz que: “enquanto Moisés ficava com as mãos levantadas, Israel vencia; quando ele abaixava as mãos, Amalec vencia”. As mãos levantadas simbolizavam a oração diante de Deus. Como fazer diante do cansaço? É preciso não desanimar, mas ser criativo. As mãos de Moisés começaram a ficar pesadas. O que os auxiliares fizeram? Pegaram uma pedra para Moisés se assentar e sustentaram os braços de Moisés um de cada lado até o pôr-do-sol, quando Josué dá por vencida a batalha.
Na caminhada da vida em busca da realização do projeto de Deus, devemos ser solidários, não trabalhar isolados. Deus caminha conosco e nos ajuda, mas quer que a comunidade toda esteja a serviço. Cada um colocando seus dons à disposição. Todos os dons são importantes. No texto de hoje, vimos Josué com um grupo maior no combate direto; Moisés intercedendo em oração; Aarão e Hur dando sua contribuição pequena, mas indispensável, sustentando a oração de Moisés. Qual é a sua participação na comunidade? Quem hoje representa Amalec, impedindo terra e vida para o povo?
2ª LEITURA – 2Tm 3,14-4,2
Vamos continuar colocando o nome de “Paulo” entre aspas, porque a carta é pseudônima, ou seja, o autor escreve como se fosse Paulo. “Paulo” continua legando a Timóteo sua herança espiritual.
O v. 14 é uma exortação a continuar firme nos ensinamentos. Ele os recebeu de sua avó, de sua mãe e de Paulo. Sua formação é sólida desde a infância. Desde a infância Timóteo conhece as Sagradas Escrituras. O valor e a importância das Sagradas Escrituras estão expressas com ênfase nos vv. 15b-17; elas têm o poder de comunicar a sabedoria. Esta sabedoria conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo. O Primeiro Testamento caminha para Jesus Cristo. Ele é a meta de todo o Primeiro Testamento; é a chave da leitura da Bíblia toda; é a sabedoria salvífica de Deus. Esta salvação chega a nós pela fé em Jesus Cristo. O v. 16 afirma que a Bíblia é inspirada por Deus, daí sua grande utilidade; ela como escritura inspirada é o sentido da vida do povo; revela o projeto de Deus, a prática de Jesus e a ação do cristão. Qual é concretamente sua função, sua utilidade? Ela é útil para ensinar, apontando o projeto de Deus; para refutar e corrigir, denunciando erros e desvios na realização do projeto de Deus; e para educar na justiça. Vivemos num mundo de opressão, exploração e injustiças, porque o homem ainda não renovou sua mentalidade com a leitura diária da Bíblia. Justiça e solidariedade só vão acontecer a partir da prática da Palavra de Deus. Ela conduz o homem para a perfeição e solidariedade de toda a boa obra. O v. 1º do capítulo quarto mostra a solenidade com a qual “Paulo” entrega a Timóteo sua herança espiritual. Esta herança está sintetizada em cinco imperativos: “proclame a palavra, insista no tempo oportuno e inoportuno; denuncie, ameace e exorte com toda a paciência e doutrina”. O cristão não pode conviver acomodado com a injustiça, com a alienação ou deturpação da Palavra de Deus. A paciência é um lembrete da dedicação e perseverança das quais deve estar imbuído o cristão
EVANGELHO – Lc 18,1-8
O v. 1º apresenta a finalidade da parábola. Jesus quer mostrar a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir (cf. 11,5-10).
A Parábola
a) De um lado, um juiz iníquo (v. 2). Este juiz não temia a Deus, quer dizer, ele não aplicava com justiça a Lei em defesa do estrangeiro, do órfão e da viúva (Ex 22,21; Dt 24,17). Ele também não respeitava homem algum, ou seja, era um juiz parcial, não agia com respeito à dignidade das pessoas, mas estava sempre do lado dos mais fortes, prejudicando os mais pobres, mais fracos e oprimidos.
b) Do outro lado, uma viúva insistente (v. 3). Esta viúva “não largava o pé do juiz” pedindo justiça contra o seu adversário. As viúvas ficavam abandonadas sem um defensor legal. A única força da viúva era a perseverança, a insistência e, naturalmente, uma grande esperança de um dia conquistar seus direitos.
c) Decisão do juiz (vv. 4-5). O juiz tem consciência plena da sua falta de temor a Deus e da sua falta de respeito pelos pobres. Ele é um juiz irresponsável, mas não está mais aguentando a reclamação da viúva. Então, ele resolve fazer justiça à viúva. Quer dizer, atendeu a viúva, porque estava cansado da amolação e também para evitar o escândalo de levar um tapa na cara diante do povo.
A conclusão de Jesus (vv. 6-8)
Se o juiz que é mau atendeu a viúva, “Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele?” É claro que sim e bem depressa. Temos que tomar consciência do poder e da bondade de Deus, que protege as viúvas (Ml 3,5) e todos os injustiçados (Ap 6,10). Jesus termina com uma pergunta desafiadora: “Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?”(v. 8b). Jesus quer dizer que é difícil manter-se na luta, enquanto desanimar é fácil. Contra o desânimo temos aí o grande exemplo da viúva.
Dom Emanuel Messias de Oliveira
Diocese de Caratinga