Caríssimos irmãos e irmãs é com imensa alegria que nós queremos partilhar com vocês um pouco sobre a história da casa de acolhimento Santa Zita e um marco significativo na história que é o novo local da Casa de Acolhimento.
A ideia de um espaço de acolhimento e cuidado com mulheres idosas surgiu nos primórdios da cidade de Belo Horizonte, na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem.
Por volta de 1913, o movimento das Damas da Caridade, em conjunto com os Vicentinos, já atuava politicamente junto ao município na tentativa de conseguir um terreno para construir pequenas casas destinadas a mulheres pobres e viúvas desamparadas.
Na década de 1930, o Monsenhor Álvaro Negromonte ficou profundamente sensibilizado ao presenciar uma empregada idosa, abandonada na rua, sem ter onde morar e necessitando de cuidados.
Essa situação refletia a realidade da época, marcada por resquícios da escravidão e pela cultura do descarte: mulheres que dedicavam a vida inteira ao serviço doméstico, sem nenhum direito garantido, acabavam sendo despejadas quando já não conseguiam mais trabalhar.
Diante disso, Monsenhor Álvaro Negromonte organizou, junto às empregadas domésticas, a Associação Santa Zita, com o objetivo de orientá-las e organizá-las para garantir um local seguro onde pudessem viver na velhice ou em caso de doença.
Segundo relatos, esta foi a primeira associação de Santa Zita no Brasil.
A associação promovia reuniões, momentos de espiritualidade, orientações e contribuições financeiras entre as associadas para cobrir as despesas coletivas.
Em 1951, com a chegada do Pe. Paulo Regolho, da Congregação dos Sacramentinos, vindo da Itália para assumir a Paróquia da Boa Viagem, os movimentos sociais da igreja ganharam grande impulso, ampliando seu alcance e reforçando seu compromisso com os mais necessitados por meio de projetos ousados e transformadores.
Em 1957, foi adquirida uma casa na Rua Aimorés para ser a sede definitiva das Zitas, que até então viviam provisoriamente na Rua Sergipe.
A sede oficial da Associação Santa Zita foi inaugurada em 20 de março de 1960, na Rua Aimorés, nº 989 — data em que também foram acolhidas as primeiras idosas da casa.
No dia 10 de fevereiro de 1963, chegaram três irmãs Missionárias de Nossa Senhora das Graças, a convite do Pe. Paulo e com aprovação do então Bispo Diocesano, Dom Serafim Fernandes de Araújo:
• Ir. Maria Aparecida Santiago
• Ir. Aparecida da Cruz Pereira
• Ir. Maria Auxiliadora da Cruz
As irmãs vieram para cuidar das idosas, tanto as residentes quanto as associadas externas, além de assumir os trabalhos administrativos das obras sociais da Paróquia da Boa Viagem, a catequese e a pastoral paroquial.
Com o passar do tempo, a casa na Rua Aimorés já não comportava a crescente demanda das associadas. Diante disso, buscou-se um novo espaço para acolher melhor as idosas, e foi adquirida uma casa na Rua Alagoas, nº 315.
Em março de 1969, a Casa de Acolhimento Santa Zita foi transferida para a Rua Alagoas, onde permaneceu por mais de cinco décadas. Durante esse período, o espaço foi palco de muitas histórias, afetos e cuidado. No entanto, sendo um imóvel antigo, construído originalmente para pessoas independentes, já não oferecia mais as condições adequadas às novas necessidades das idosas acolhidas. As limitações estruturais passaram a comprometer a qualidade da assistência e a segurança de todas.
Diante dessa realidade, e com o compromisso de oferecer um cuidado mais digno, seguro e afetuoso, iniciou-se a busca por um novo local que fosse mais adequado à missão da Casa Santa Zita. Graças ao sim generoso do nosso querido Arcebispo Dom Walmor, que tomou a firme decisão de investir na transformação de um novo espaço — tornando-o acessível, acolhedor e agradável de viver —, e com o empenho da Providens, em parceria com as Secretarias de Assistência Social e tantos colaboradores que acreditam na nossa missão, este sonho tornou-se realidade.
Assim, em 19 de fevereiro de 2025, a Casa Santa Zita foi oficialmente transferida para seu novo endereço, na Rua Padre Francisco Scrizzi, nº 19, no bairro Parque São José.
E é aqui, hoje, que celebramos essa nova etapa de uma caminhada longa e cheia de significado. Inauguramos não apenas um novo espaço físico, mas reafirmamos o compromisso com um serviço de acolhimento e cuidado que tem como centro a pessoa, respeitando e valorizando a vida de cada mulher não apenas por tudo o que fez, mas principalmente por tudo o que é.