Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR

21/05/2023 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA -At 1,1-11

São Lucas escreveu uma obra em dois volumes. O primeiro volume é o terceiro evangelho e o segundo volume é o livro dos Atos dos Apóstolos. Eles só foram separados, quando a Igreja quis reunir os quatro evangelhos para mostrar 4 modos de ver a vida de Jesus. No livro dos Atos dos Apóstolos, São Lucas narra as ações dos apóstolos, mostrando que o mesmo Espírito Santo, que agiu em Jesus, age também em sua Igreja.

No texto de hoje, vamos salientar 5 pontos.

Primeiro ponto – Nos 3 primeiros versículos, São Lucas faz alusão ao que escreveu, nos seu evangelho, sobre Jesus até a sua Ascensão ao céu. A alusão aos 40 dias é simbólica, significando que assim como Jesus se preparou durante 40 dias para iniciar sua missão, ele também prepara os apóstolos para a missão com a plenitude dos seus ensinamentos.

Segundo ponto – Durante uma refeição, Jesus dá uma ordem aos apóstolos. Que eles não se afastem de Jerusalém, pois o Pai vai cumprir a promessa de enviar-lhes o Espírito Santo. Jerusalém é importante para São Lucas. Ali começa e termina o Evangelho. É o ponto de chegada da missão de Jesus e o ponto de partida da missão apostólica, quando os discípulos se enchem da força do alto com a vinda do Espírito Santo.

Terceiro ponto – À pergunta dos discípulos sobre a instauração do Reino, Jesus responde que tempo e data são reservados a autoridade do Pai. (cf. Mc 13,32). Aqui, Jesus aproveita para apontar a missão da Igreja, pois o Reino vai-se implantando, quando a face de Jesus for transparecendo através do testemunho.

Quarto ponto – Estamos no famoso versículo 8, onde Lucas alude mais uma vez à promessa da vinda do Espírito Santo e expõe o programa da missão da Igreja, que é, ao mesmo tempo, o esquema do livro dos Atos. Os discípulos, com a força do Espírito Santo, darão testemunho de Jesus em Jerusalém (capítulos de 1 a 7), na Judéia e na Samaria (capítulos de 8 a 9) e até aos extremos da terra, que é uma referência a Roma, capital do Império Romano (capítulos de 10 a 28).

Quinto ponto – É sobre a Ascensão. Aqui, São Lucas descreve a elevação de Jesus para o firmamento do céu. Na realidade não se trata de um fato material, mas de uma experiência na fé. O que São Lucas quer dizer é o mesmo que diversos autores do Segundo Testamento também disseram: Jesus foi glorificado pelo Pai e reina com ele na glória (cf. segunda metade da segunda leitura deste domingo: Ef 2,20-23; ver ainda: At 2,32-33; Fl 2,9-11, etc.). A menção da nuvem lembra que Jesus não pertence mais ao mundo físico, mas à esfera do divino. São Lucas aqui não está tão preocupado com o afastamento de Jesus, quanto com sua presença no meio de sua comunidade (cf. o último versículo do evangelho de hoje: Mt 28,20). A ascensão quer lembrar para os discípulos que Jesus não está mais fisicamente presente no meio deles, mas que, através do Espírito, eles devem continuar a missão de Jesus. Agora, chegou a vez dos homens da Galiléia, a vez dos discípulos, a vez da comunidade, a vez da Igreja. A volta de Jesus acontece no Pentecostes através do seu Espírito e através do testemunho concreto da comunidade, que não deve ficar olhando para o céu. É através da sua missão evangelizadora, vivendo a justiça, a fraternidade, o amor que Cristo vai voltando a aparecer visivelmente na comunidade, que é o seu corpo (cf. versículo final da segunda leitura de hoje Ef 1,23).

2ª LEITURA – Ef 1,17-23

As comunidades dos arredores de Éfeso estavam correndo o risco de se influenciarem por filosofias, que pregavam um Deus distante. Só se poderia chegar a Deus através de entidades extraordinárias, tais como soberanias, poderes, forças, dominações, e Jesus seria uma dessas entidades intermediárias. O autor, provavelmente, um discípulo de Paulo, vai mostrar, entre outras coisas, como Deus realiza seu plano divino de salvação através de Jesus, único Senhor e Salvador, que está acima de tudo e de todos. Depois de dizer que não se esquece em suas orações dessas comunidades dos arredores de Éfeso, por causa de sua fé e de sua caridade, o autor toca dois pontos: O primeiro é um pedido indireto a Deus em favor das comunidades. O que ele pede? Ele pede que Deus dê para eles seu Espírito, para que eles possam conhecer o que Deus significa para eles. Eles precisam compreender 3 coisas: a) a esperança a que Deus os chamou para uma vida nova e gloriosa em Cristo. b) A herança própria dos filhos, herança repleta de riqueza e glória. c) A imensa grandeza do poder de Deus em favor deles.

Isto tudo vai ficar claro se eles perceberem que Deus já deu provas de seu poder ressuscitando Jesus dentre os mortos. Este é o segundo ponto.

O autor fala aqui da glorificação de Cristo que o livro dos Atos chama de “subida aos céus” ou ascensão. Cristo está assentado à direita de Deus, quer dizer, ele reina com o Pai. Ele está acima de qualquer possível entidade extraordinária. Tudo foi colocado por Deus debaixo dos pés de Jesus; ele é o Senhor de tudo e foi colocado como cabeça da Igreja. A Igreja é seu corpo no mundo. Hoje, Cristo age através da Igreja, que é a “plenitude de Cristo, que preenche tudo em todo o universo”.

EVANGELHO – Mt 28,16-20

Galiléia é o lugar da Igreja, onde a comunidade se reencontra com seu Senhor e Mestre, é o lugar onde a comunidade testemunha a presença viva de Jesus. A morte de Jesus é vida e ressurreição para ele e também para nós. A partida de Jesus significa presença forte no meio de nós (confira domingos anteriores). É quando estamos na “Galiléia”, celebrando a vida, que sentimos sua presença: “O Senhor esteja convosco”. “Ele está no meio de nós”. Jesus encontra com seus discípulos no “monte”, ou seja, bem próximo do Pai, mas ainda no mundo. O monte relembra a atuação de Jesus, suas lutas, desafios (monte das tentações), ensinamentos e milagres (monte das bem-aventuranças), sua entrega e glorificação (monte da transfiguração e do calvário). Na verdade, Jesus se encontra conosco sempre que estamos realizando o projeto do Pai, transpondo os obstáculos do antirreino. Quantos duvidam e desanimam diante dos desafios das “subidas”! Mas Jesus glorificado transmite sua força à comunidade. A ele foi dada pelo Pai toda autoridade no céu e sobre a terra. Com essa autoridade, Jesus envia seus discípulos em missão. A missão não é fundar novas igrejas, mas conduzir todos os povos para a escola de Jesus: uma escola de justiça e de arquitetos do Reino. E isso acontece através de 2 atividades: o batismo em nome da Trindade, o qual nos purifica do mundo mau e nos torna solidários cidadãos do Reino. O batismo nos incorpora na Igreja comunidade-corpo de Cristo. Recebe-se o batismo uma só vez, pois existe um só Senhor, um só batismo, um só Espírito como nos vai dizer São Paulo. A segunda atividade dos discípulos é a catequese, ou seja, o ensino e prática de tudo que Jesus ordenou. Esta catequese nos capacita para a prática da justiça nas pegadas de Jesus. E Jesus promete sua presença na comunidade todos os dias até o fim do mundo.

 

Dom Emanuel Messias de Oliveira

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