Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

6º DOMINGO DO TEMPO COMUM

12/02/2023 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Eclo 15, 16-21

O livro do Eclesiástico foi escrito em hebraico, no início do séc. II a.C., e depois traduzido para o grego pelo neto do autor. Sua intenção é salvaguardar a identidade do povo judeu e suas tradições contra o imperialismo cultural dos selêucidas que, para unificar o império, adotaram uma política de assimilação, impondo a cultura, a religião e os costumes gregos.

O trecho de hoje aborda o célebre problema da liberdade. Diante de tantos males que envolvem o ser humano, é fácil ceder ao pensamento dominante de que tudo depende da divindade, tanto o bem quanto o mal. Os vv.11 e 12 refletem o pensamento comum: Não digas: “De Deus vem o meu pecado!”, pois Deus não faz o que ele próprio detesta. Não digas: “Ele me induziu”, pois Deus não precisa dos ímpios. O autor contesta este modo de pensar e afirma a liberdade humana. Observar os mandamentos e ser fiel vai depender da boa vontade, da escolha de cada um. Diante de cada um Deus colocou o fogo e a água, ou seja, a morte e a vida. A cada um será dado o que cada um escolher. O v. 20 afirma claramente que a responsabilidade do mal está nas mãos dos homens e não nas mãos de Deus. “Ele conhece todas as obras do ser humano. Não mandou ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença para pecar”. Os vv. 18-19
salientam a grandeza da sabedoria divina, sua onipotência e sua onisciência. Na verdade, o que Deus quer mesmo é que o homem escolha a vida. Aqui está o uso da liberdade. Escolher o pecado e a morte é abuso da liberdade.

2ª LEITURA – 1Cor 2, 6-10

Continuando o pensamento do domingo anterior, Paulo esclarece que existe a sabedoria dos homens e a sabedoria de Deus. A sabedoria dos homens é acompanhada da oratória, do brilho, de artifícios para seduzir os ouvintes (vv. 1-5). É uma sabedoria dada por este mundo, pelos letrados e poderosos. A sabedoria de Deus, entretanto, provém do poder de Deus que confunde sábios e poderosos. É só aos maduros na fé que Paulo fala dessa sabedoria. “Maduros na fé” são aqueles que acolheram Jesus crucificado na globalidade do seu mistério de encarnação, morte e ressurreição. O que Paulo ensina é uma coisa misteriosa e escondida, é a sabedoria de Deus, é seu projeto de salvação, um projeto capaz de nos levar à sua glória. Deus nos ama profundamente e, por isso, pensou em nós desde o início do mundo e esse projeto de Amor ele nos revelou pelo seu Espírito, que sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de
Deus. Esta sabedoria de Deus se concretiza e se condensa em Jesus Cristo crucificado. No capítulo 1º v. 24, lemos, com clareza: “Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus”. É claro que a autoridades deste mundo não conheceram tal sabedoria, pois se a tivessem conhecido não teriam crucificado o Senhor da Glória (2,8). Estas coisas ocultas aos sábios e prudentes, Deus as revelou apenas aos pequeninos, aos que o amam.

EVANGELHO – Mt 5, 17-37

Podemos dizer que a tônica do capítulo é a justiça do Reino. Estamos dentro do Sermão da Montanha, que ocupa os capítulos 5-7.

a) A Lei e a Justiça (vv.17-20)

Jesus não veio abolir a “Lei e os Profetas” (O Primeiro Testamento), ou seja, não veio acabar com o Primeiro Testamento, mas realizar as promessas de Deus. Realizar a lei nos pequenos detalhes (v. 18) não significa atender todas as suas minúcias, mas buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, quer dizer para cumprir toda a justiça em favor da vida (cf. 3,15). É esse o programa de Jesus. Na verdade, o núcleo do capítulo está no v. 20: a superação da justiça dos doutores da Lei e dos fariseus. A antítese do v. 19: “maior” e “menor” no Reino significa, simplesmente, estar comprometido com o Reino ( maior no Reino) e posicionar-se fora do Reino (menor no Reino).

b) A defesa da vida (vv.21-26)

A preocupação de Jesus vai além do homicídio. Busca evitar tudo aquilo que conduz à morte: a ira, o insulto, o xingo, a inimizade. A parábola dos vv. 25-26 mostra que o caminho da vida passa pela reconciliação.

c) Adultério e fidelidade

Não apenas o adultério é proibido, mas até mesmo o desejo de adultério. Na verdade, o adultério começa com o olhar de desejo, por isso, o mal deve ser cortado pela raiz. Arrancar o olho e cortar a mão é uma expressão metafórica; não deve ser interpretada ao pé da letra, significa erradicar a cobiça (olho) e as ações (mão) que lhe seguem. O v. 32 parece favorecer o divórcio! A Igreja, porém, sempre interpretou a palavra “pornéia” (o texto diz: a não ser em caso de “pornéia”) como união ilegítima, por causa do grau de parentesco, que trazia impedimento matrimonial segundo a Lei (Lev 18,16-18; At 15,29).

d) Juramento e verdade (vv. 33-37)

Jesus proíbe qualquer juramento. Quem precisa de juramento é porque carece de credibilidade. O cristão deve falar apenas a verdade, doa em quem doer. Ele deve ser coerente com a verdade em relação a si próprio, aos outros e a Deus.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga

Cúria Diocesana

Praça Cesário Alvim, 156 - Centro Caratinga (MG) - Cep: 35.300-036

Contatos

(33) 3321-4600 Telefone e WhatsApp chancelaria@diocesecaratinga.org.br

Funcionamento

Segunda-feira a Sexta-feira 08h às 11h e 13h às 17h