Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

5º DOMINGO DA QUARESMA

26/03/2023 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Ez 37,12-14

A metade do capítulo 37 de Ezequiel fala sobre a visão dos ossos. Esses ossos no vale simbolizam a consciência que o povo judeu estava tendo de si mesmo no exílio babilônico. De fato, eles estavam dizendo: “Nossos ossos estão secos e nossa esperança se foi. Para nós tudo acabou”. Nos vv. 1-11 Deus mostra ao profeta um vale cheio de ossos e depois manda o profeta profetizar, para que aqueles ossos se ajuntem se cubram de nervos, criem carne, se revistam de pele e sejam penetrados pelo espírito. E surgiu um grande exército. Com esta visão simbólica, Deus quer levantar o ânimo do povo desanimado e sem esperança de vida. Os versículos de hoje transmitem esta promessa ao povo que já estava se considerando morto e enterrado no exílio. Deus, por meio do profeta, promete com palavras simbólicas abrir os túmulos do seu povo, revesti-los do seu espírito, fazê-los reviver e reconduzi-los para a terra de Israel. Aí, o povo ficará sabendo que a palavra de Deus é verdadeira e eficaz. Deus cumpre o que promete.

2ª LEITURA – Rm 8,8-11

O capítulo oitavo da carta aos Romanos deve ser lido todos os dias de tão bonito e tão confortador que é. É uma espécie de conforto diante do capítulo sétimo. O nosso trecho insiste que não estamos mais sob o domínio dos instintos egoístas, mas sob o domínio do Espírito.

O que é viver sob o domínio dos instintos egoístas?

É viver a vida desagradando a Deus ao sabor dos instintos. É viver segundo a carne, ou seja, voltado apenas para si mesmo, fazendo-se centro do mundo. Se a essência da fé cristã é servir ao outro como Jesus nos ensinou, o egoísta só sabe servir a si mesmo, só pensa em si mesmo, se auto idolatra. O egoísta desconhece a Cristo e seu evangelho.

O que é viver segundo o Espírito?

É reconhecer a importância do nosso batismo; que o Espírito de Deus habita em nós; que Cristo está em nós e nosso corpo está morto por causa do pecado, mas, ao mesmo tempo, é reconhecer que o Espírito é vida por causa da justiça. Viver segundo o Espírito é viver a vida de Jesus, que veio para servir e não para ser servido. É acreditar que dentro de nós surgiu “um novo dinamismo interior que, com a própria força de Deus, liberta o homem da tirânica lei do pecado”. Viver segundo o Espírito é acreditar que o Pai, que ressuscitou Jesus dos mortos, dará também vida a nossos corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em nós.

EVANGELHO – Jo 11,1-45

Estamos de novo diante de um texto muito grande para ser comentado nos seus pormenores. Vamos apenas ajudar na compreensão do texto com algumas ideias. Estamos diante de um sinal que aponta para a ressurreição de Jesus. Quer levar a Comunidade à profissão de fé em Jesus como ressurreição e vida. A família de Lázaro, Marta e Maria representam a Comunidade triste, abatida, desanimada e morta por falta de fé em Jesus, ressurreição e vida. Seria bom analisar a fundo a posição, ou seja, palavras, gestos, ideias de cada personagem do texto. Não temos espaço para isto. O leitor pode fazê-lo com calma e com a Bíblia na mão. Vamos apenas dar uma ajuda. Quais são os personagens? São Jesus, os discípulos, Lázaro, Marta, Maria, os judeus.

Lázaro – Toda a família era amiga de Jesus. O texto diz expressamente que Jesus os amava (cf. vv. 3.5.36). Mas Lázaro adoece e morre. É o símbolo de uma Comunidade sem fé, que vai adoecendo e, aos poucos, perdendo a esperança de vida até achar que não tem mais jeito: “Senhor, já está cheirando mal. Faz quatro dias…”(cf. v. 39). Mas a fé supera a morte. Será que a comunidade vai ser capaz de se desvencilhar dos preconceitos da morte como fim e recobrar, na fé, o novo sentido da vida?

Como Lázaro, a Comunidade está toda amarrada nos laços da morte. Jesus convida a Comunidade a desamarrar “Lázaro”, ou seja, libertar-se das amarras da inatividade, da falta de fé e da morte e começar vida nova. No fundo não se trata de uma ressurreição, mas de uma revificação. Acreditar na ressurreição não é crer que ressuscitaremos para a vida presente, mas acreditar no presente que a vida continua; acreditar que a morte de um irmão não deve abalar a vida de uma Comunidade de fé. Quem tem fé acredita num retorno para o futuro de Deus, não para o presente do homem. Depois da ressurreição não retornaremos à vida física para morrermos de novo, mas ressuscitaremos para a vida eterna, definitiva.

Marta – Ela vai ao encontro de Jesus. Simboliza resquícios de vida na Comunidade. Talvez nem tudo esteja perdido, mas Marta precisa crescer na fé. Sua fé ainda é de iniciante; é uma fé ainda judaica. Ela acredita na ressurreição do último dia. Ela acredita no Messias, mas precisa ter uma fé cristã que Jesus é ressurreição e vida, aqui e agora. Que mais o texto fala sobre Marta? Veja, sobretudo, o diálogo com Jesus (vv. 17-28).

Maria – Quem é Maria? Veja v. 2. Maria, aqui, pode representar o desânimo total. Enquanto Marta vai ao encontro de Jesus, “Maria, porém, ficou sentada em casa” (v. 20). Depois, ela vai ao encontro de Jesus, mas vai chorando. Que mais o texto fala de Maria? Veja sobretudo o diálogo com Jesus (vv. 29-32).

Jesus – Pesquise as falas, as demoras, os sentimentos, os gestos de Jesus. Sua concepção da morte, seu amor pela Comunidade, sua intimidade com o Pai. Vamos lembrar apenas estas frases: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?”(vv. 25-26). “Lázaro, sai para fora!” (v. 43). “Desamarrai-o e deixai-o ir” (v. 44).

Dom Emanuel Messias de Oliveira

 

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