Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

4º Domingo da Quaresma

30/03/2025 . Comentários Homiléticos

1ª Leitura – Js 5,9a.10-12

O povo de Deus acaba de chegar à Terra Prometida; eles celebram a chegada com a circuncisão e a Festa da Páscoa: “Hoje eu tirei de vocês a vergonha do Egito”. Deve ser uma referência à incircuncisão dos descendentes do povo que foi libertado do Egito, pois o texto anterior fala da circuncisão (cf. vv. 2-8) e, logo em seguida, dá-se ao lugar o nome de Guilgal, que etimologicamente se refere à circuncisão. O v. 10 se refere à Páscoa. Como o v. 11 fala dos pães sem fermento, isto significa que a festa da Páscoa e dos pães ázimos já estavam reunidas. O que era a Festa da Páscoa? Antes do êxodo ela servia para os pastores afastarem da família e dos rebanhos os espíritos maus. Isto era feito matando um animal e tingindo a entrada da tenda com o sangue dele. Depois do Êxodo, a Festa da Páscoa adquire um novo sentido. Torna-se lembrança perpétua do Deus vivo que para libertar o seu povo derrota os opressores e seus ídolos. O que era a festa dos pães sem fermento? Era uma festa que antes só era celebrada pelos agricultores na ocasião da colheita. A finalidade era não misturar o produto da colheita anterior com o produto da nova. O v. 11 diz que comeram pão sem fermento e trigo tostado e só a partir do dia seguinte é que comeram produtos da terra. O v. 12 lembra que a partir desse momento que começaram a comer dos produtos da terra, o maná parou de cair. O que era o maná? Era o alimento miraculoso com o qual Deus alimentava seu povo no deserto. Agora ele para de cair, pois o povo chegou à Terra Prometida e já está comendo dos frutos da terra. “A contraposição entre produtos da terra e maná marca o fim do período do deserto. O maná é uma figura da Eucaristia no sentido de ser o pão do céu e alimento de um povo que ainda está a caminho para a pátria celeste.

2ª Leitura – 2Cor 5,17-21

Paulo desenvolve aqui o tema da reconciliação. Ele é acusado de não ser apóstolo, pois não conheceu Jesus em sua vida terrestre, não ouviu suas palavras nem participou de suas ações. Por isso não pode ser testemunha do Evangelho. Paulo vai mostrar que o Evangelho não é simples história de Jesus e sim o anúncio de sua morte e ressurreição, que reconcilia o homem com Deus e inaugura uma nova era. Conhecer o Cristo segundo as aparências tem pouco valor, pois agora já não o conhecemos assim (v. 16). O importante é a novidade que Deus nos traz: a reconciliação em Cristo. Ele restaurou sua obra corrompida pelo pecado. Se alguém está em Cristo é nova criatura. Isso é que importa.

Deus não levou em conta os pecados dos homens e por meio de Cristo ele reconciliou o mundo consigo. É a Paulo e aos apóstolos que Cristo confiou o ministério da reconciliação. Ele exerce, assim, a função de embaixador em nome de Cristo e é através dele (de Paulo) que Deus fala, exortando os coríntios à reconciliação. O apelo é veemente, pois rejeitar o apóstolo anunciador do evangelho de Cristo morto e ressuscitado é rejeitar a própria mensagem de salvação, é rejeitar a reconciliação com Deus. Por isso, o apelo é veemente: “Em nome de Cristo suplicamos: reconciliem-se com Deus”. O v. 21 significa: Deus fez de Cristo, que não tinha pecado nenhum, “uma pessoa solidária em tudo com a humanidade pecadora, para que por seu intermédio, nos tornássemos justos”, agraciados, reconciliados.

Evangelho – Lc 15,1-3.11-32

O capítulo 15 é o coração do Evangelho de Lucas. São três parábolas de misericórdia – as parábolas dos três perdidos: da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho perdido. Esta parábola do Filho Perdido (Filho Pródigo, gastador) podia ser chamada de parábola dos dois filhos e, melhor ainda, parábola do Pai misericordioso.

Introdução – Os “justos” e pecadores – vv. 1-3

Essa introdução é de fundamental importância. De um lado: Jesus e os pecadores. Quem são eles? São pessoas que tinham conduta imoral (adúlteros, mentirosos, prostitutas etc.) ou exerciam profissões consideradas desonestas ou imorais (cobradores de impostos, pastores, tropeiros, vendedores ambulantes, curtidores). De outro lado: os que criticavam a atitude misericordiosa de Jesus: fariseus e doutores da lei, que representavam a classe dominante e se consideravam justos. Jesus conta as parábolas para eles perceberem que a sua atitude é a atitude do Pai.

1ª parte – O Pai e o filho mais jovem (vv. 11-24)

O filho pede sua parte da herança ao pai e depois parte para bem distante. Pecar é distanciar-se da casa do Pai com experiências desligadas da fonte do amor e da vida. Mas ele acaba na “lama”, cuidando de porcos, animal imundo para os judeus. Nem comida de porcos ele tinha. Reconhece, na miséria absoluta, que na casa do pai até os empregados têm de tudo. Ensaia sua confissão e decide voltar. Sua esperança é de ser ao menos um empregado. Mas o Pai o aguardava ansioso (v. 20). Vendo-o encheu-se de compaixão e correu ao seu encontro e o restabeleceu na família com toda a dignidade de filho: o beijo é o sinal do perdão; a veste festiva é para um hóspede de honra; a entrega do anel é a restituição de todos os direitos e plenos poderes na família; os sapatos eram luxo dos homens livres; escravos não usavam. A carne era usada só de vez em quando e matar um bezerro era coisa especial para grandes festas. Atenção: o pai manda matar não um bezerro qualquer, mas o bezerro, ou seja, um bezerro especial, cevado para um dia muito importante. Naquela casa, voltou a alegria: “Vamos fazer um banquete, porque este meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado”. E começaram a festa. Mas… e o filho mais velho?

2ª parte – O Pai e o filho mais velho (vv. 25-32)

O filho mais velho tem todas as qualidades, mas não é capaz de acolher o irmão que volta, nem quer partilhar da alegria do coração do Pai que insiste com amor e ternura, para que ele entre para a festa. Gabando-se de sua conduta justa e irrepreensível, ele chega a criticar a atitude do Pai. A parábola termina com o Pai justificando sua conduta misericordiosa. E o filho mais velho entrou ou não entrou na festa? Agora, entenderemos os versículos iniciais.

O filho mais novo são todos os pecadores com quem Jesus faz a festa. O filho mais velho são os fariseus e doutores da lei que se consideram justos, mas são incapazes de acolher os irmãos marginalizados e ainda criticam a atitude de Jesus.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Emérito da Diocese de Caratinga

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