Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM

13/11/2022 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Ml 3,19-20a

Deus envia seu mensageiro
O povo judeu, ao voltar do exílio babilônico, sonhava com um novo tipo de sociedade fundamentada na justiça, solidariedade e fraternidade. Mas o sonho do povo demorava a tornar-se realidade. Pelo contrário, havia injustiças e opressão por parte dos de dentro e dos de fora, que ainda exerciam o domínio sobre Judá, ou seja, o Império Persa. O povo começava a duvidar se Deus realmente estava a par dos acontecimentos, se a sua paciência não tinha fim. É nessa época, por volta do séc. V a.C., que Deus envia o seu mensageiro, o profeta Malaquias (= meu mensageiro cf. 3,1). Ele vem relembrar o que o povo não estava vivenciando, ou seja: o respeito e o amor mútuos, uma liturgia não estéril, mas cheia de vida, uma vida matrimonial responsável, maior solidariedade e justiça, um dízimo à altura da prodigalidade e bondade de Deus. E, no texto de hoje, o profeta anuncia o Dia do Senhor. Os versos finais do capítulo 3º são um acréscimo posterior que fala sobre o retorno de Elias, que Jesus vai identificar com a presença de João Batista.

O dia do Senhor está para chegar

A tolerância do Senhor chegou ao fim. A impunidade não terá mais lugar e a justiça vai triunfar.

O Dia do Senhor é comparado a um fogo que vai consumir os soberbos e os injustos opressores como uma palha (v. 19). O Dia do Senhor vai consumir os injustos e trazer triunfo e glória para os justos. Dos injustos, comparados com uma árvore na sua arrogância, não sobrará nem ramos, nem raízes. Mas, para os justos, os que temem a Deus, brilhará o sol da justiça, que cura com seus raios.

2ª LEITURA – 2Ts 3,7-12

Muitos não querem trabalhar

“Paulo” aborda, no texto de hoje, a questão do trabalho. O problema é que na comunidade de Tessalônica muitos estavam levando uma vida ociosa, talvez, por dois motivos. O primeiro é porque achavam que Jesus ia chegar a qualquer momento. Se Jesus vai chegar logo, para que trabalhar? O segundo motivo poderia ser também o fato do trabalho ser coisa para escravos e não para homens livres. Assim pensava toda aquela sociedade de mentalidade grega. O negócio, ou trabalho, era justamente a negação do ócio, do lazer, da tranquilidade. Esta turma, além de incomodar, ainda vivia às custas dos outros.

A resposta e o exemplo de “Paulo”

Paulo, que de dia trabalhava para o próprio sustento e para não ser pesado para ninguém, e, de noite, trabalhava na pregação do Evangelho, tinha bastante autoridade para falar do assunto. Vejamos os vv. 7b-8. Aliás, no tempo da fundação da comunidade, ele já tinha deixado uma norma: “Quem não quer trabalhar, também não coma”. “Paulo”, como apóstolo do evangelho, não precisava trabalhar, pois Jesus disse que o operário (o evangelizador) tem direito ao seu alimento (cf. Mt 10,10). Ele, entretanto, prefere trabalhar, também, para dar exemplo.

Uma pequena reflexão sobre o trabalho

Hoje há muitos que vivem uma vida mais ou menos ociosa, ganhando muito através da exploração, do trabalho escravo, de juros altos. Por outro lado, a grande massa dos trabalhadores penaliza-se em trabalhos pesados e de muitas horas e não ganha o suficiente para levar uma vida digna. “Quem não trabalha não coma”, é uma boa norma, mas quem trabalha precisa comer, vestir, viver. Como mudar esta situação? Como acabar com o trabalho escravo? Como melhorar a vida do trabalhador? Temos outro problema também muito sério: como arranjar trabalho para quem quer?

EVANGELHO – Lc 21,5-19

O capítulo 21 de Lucas é chamado de discurso escatológico e é escrito em linguagem apocalíptica. Os apocalipses não pretendem, como muitos pensam, fazer previsões e profecias para o futuro. Eles pretendem revelar o que acontece na história e qual o posicionamento daquele que tem fé diante desses acontecimentos. O cristão, como Jesus, não pode concordar e se acomodar diante de uma sociedade ateia e sem escrúpulo. No texto de hoje vemos o seguinte:

a) Jesus anuncia a destruição de Jerusalém (vv. 5-6)

Jesus diz a respeito do suntuoso Templo: “Aquilo que admirais, dias virão em que não ficará disso pedra sobre pedra. Tudo será destruído” (v.6). Lucas descreve quase vinte anos depois da destruição do Templo de Jerusalém, o que aconteceu no ano 70 dC. Os apocalipses costumam usar acontecimentos passados e apresentá-los como ainda não realizados, para animar a resistência dos cristãos e encorajá-los na luta. O povo achava que a invasão dos pagãos e a destruição do Templo eram sinais do fim do mundo. Na realidade, eram apenas sinais do fim do judaísmo, eram sinais do fim do sistema opressor representado pelo Sinédrio e simbolizado pelo Templo.

b) Exortação ao encorajamento e ao discernimento (vv. 7-11)

O povo não pode se deixar levar pelos charlatões e enganadores, hoje muito em voga, dentro e fora da Igreja. As perguntas dos apóstolos são as mesmas de hoje: quando? como? E aqui aparecem os falsos messias tapeando e assustando o povo. Jesus exorta os seus discípulos com estas palavras: “Cuidado para não serdes enganados porque muito virão em meu nome, dizendo: “Sou eu”, e ainda: “O tempo está próximo”. “Não andeis atrás deles.” Todos nós devemos ficar atentos, pois eles estão por aí com argumentos aparentemente convincentes. Nos vv. 10 e 11 lemos: “Jesus lhes dizia: Há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares; acontecerão coisas pavorosas, e haverá grandes sinais no céu”. Essa linguagem é comum nos profetas para anunciar a chegada do fim. Aqui, como dissemos, se anuncia o fim do mundo judaico.

c) O testemunho e a perseverança até o fim (vv. 12-19)

Jesus adverte que seus discípulos, por causa dele, serão presos, perseguidos, entregues até mesmo pelos próprios familiares, serão odiados e muitos serão mortos. Diante de tudo isso, eles devem reativar seu testemunho e reanimar sua esperança em dias melhores, na certeza de que as crises apontam para o novo, para o melhor; por isso, o importante é perseverar até o fim, apesar das tribulações, perseguições, prisões e mortes. Os discípulos não precisam nem mesmo preparar sua defesa diante dos tribunais, pois Jesus vai colocar palavras sábias na boca de cada um. Tudo isso Lucas já viu acontecer na comunidade (morte de Estêvão e de Tiago, lutas e sofrimentos de Paulo, martírio de Pedro e Paulo, muitas perseguições, prisões e mortes de membros de sua comunidade). Aconteceu com o Mestre, por que não acontecer com o discípulo? Tudo isso, aliás, é sinal de que o Reino está chegando. É só assim que o cristão entra na glória. O cristão não deve temer, mas resistir. Sua resistência deve ser inteligente, solidária, realista e esperançosa. Os dois últimos versículos inspiram consolação: “Nem um só fio de cabelo cairá de vossa cabeça. Por vossa perseverança salvareis a vossa vida!”.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano – Diocese de Caratinga

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