Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

23º DOMINGO DO TEMPO COMUM

04/09/2022 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Sb 9,13-19

Estamos na capital cultural do helenismo. Como inculturar a fé judaica sem abandonar o essencial da riqueza religiosa do judaísmo? É claro, o mundo grego tem também muitos valores que podem ser assimilados. É preciso repensar a fé com seriedade e fidelidade.

Sb 9,1-18 é uma prece, onde se pede a sabedoria. A inspiração de fundo é a oração de Salomão registrada em 1Rs 3,6-9 e 2Cr 1,8-10. O autor reza como se fosse Salomão. Diante do endeusamento da filosofia grega, o autor pede insistentemente a Deus a “sabedoria que se assenta contigo no teu trono” (v. 4). É só com esta sabedoria que se pode enfrentar a realidade, superar os desafios e aprender o que é agradável a Deus. O autor faz uma crítica severa a esta filosofia endeusada que pretendia dar resposta para tudo. Na verdade, os desígnios de Deus são insondáveis aos homens, suas intenções são impenetráveis (v.13). Por outro lado, “nossas reflexões são precárias”. Não conhecemos bem nem mesmo o que está ao nosso alcance, como investigar, então, as coisas do céu (v. 16)? Tudo seria realmente impossível, se Deus não enviasse do alto o seu espírito, sua sabedoria. É só assim que podemos chegar ao conhecimento da vontade de Deus. O que é a sabedoria? Podemos identificá-la primeiramente com a lei, que ensina o que agrada a Deus e conduz o homem à salvação (v. 18). Mas colocando a sabedoria em paralelo com o Santo Espírito (v. 17), o autor relembra Jr 31,31 e Ez 36,26-29: na nova aliança um espírito novo derramado sobre nós nos ajudará a reconhecer e cumprir a vontade de Deus. Assim, a sabedoria se identifica com o próprio Espírito de Deus.

2ª LEITURA – Flm 9b-10.12-17

Esta cartinha é algo de fantástico. Parece muito com as cartas que nós escrevemos para os amigos, pois tem assinatura, remetente e é pequena. É bem diferente de uma carta aos Romanos, por exemplo. São apenas 25 versículos. Trata-se da devolução a Filêmon do seu escravo fugitivo Onésimo, convertido por Paulo na prisão. Apesar de pequena e pessoal é também uma carta eclesial. Ela é dirigida a Filêmon, como também a Ápia, Arquipo e à Igreja que se reúne na casa de Filêmon. A carta é fina, delicada e cheia de ternura e caridade. Paulo tem autoridade para mandar, mas prefere pedir. Quem pede é uma pessoa idosa, prisioneira de Cristo (v. 9). O que Paulo pede? A libertação de Onésimo? Não. Pelo menos não o faz de modo explícito. Paulo não proclama a libertação dos escravos. O mundo não estava sociologicamente preparado para isto. A economia era baseada na mão-de-obra dos escravos. Mas Paulo lança os fundamentos da libertação ou pelo menos, mina as bases do estatuto da escravidão. Paulo pede acolhida caridosa e amável, pois considera Onésimo como seu próprio coração (v. 12). A carta é muito sábia. Paulo está preso por causa do Evangelho. Filêmon poderia muito bem estar servindo a Paulo na prisão, mas ele não pode fazê-lo; então, Onésimo seria um ótimo substituto (12). Mas Paulo vai mandá-lo de volta, pois não quer nada forçado. Estas coisas devem ser espontâneas, devem brotar do coração (v. 14). Deus escreve certo por linhas tortas. Certamente, Filêmon terá Onésimo agora para sempre (v. 15) não mais como escravo, mas como irmão. Querido de Paulo ele também será querido de Filêmon como homem e como cristão (v. 16). O v. 17 é um cheque-mate: “Se, pois, me tens como companheiro, recebe-o como se fosse a mim mesmo”. Como não atender? Você não atenderia a um pedido tão afetuoso e extremado?

EVANGELHO – Lc 14,25-33

A grande viagem

“Grandes multidões acompanhavam Jesus”. Para onde? Desde 9,51 Jesus tinha tomado a resolução de caminhar para Jerusalém para entregar sua vida por nós. Aqueles que o acompanhavam vão aos poucos tomando consciência de que essa caminhada é sem retorno, é decisiva e definitiva, supõe desapego, exige coragem, exige fé.

Quais são as condições para seguir Jesus?

São basicamente três: Primeira: o desapego afetivo. Para seguir Jesus, para ser seu discípulo é preciso colocá-lo em primeiro lugar. É preciso amá-lo mais que todos os parentes. É preciso até mesmo renunciar à própria vida (v. 6). Segunda: disponibilidade para a cruz. Cruz simboliza todo o tipo de sacrifício para levar em frente o projeto de Jesus. Caminhar atrás de Jesus com a cruz às costas significa a coragem de subir o calvário e dar a vida a exemplo de Jesus (v. 27). Terceira: renúncia total (v. 23). Jesus que nos deu tudo tem o direito de pedir tudo. Um exemplo de entrega total vemos em Paulo que, depois que descobriu Jesus, considerou tudo o mais como esterco (Fl 3,7-8).

Calcular o risco (vv. 27-33)

Não se pode seguir a Jesus sem uma decisão firme. Jesus pede para os discípulos ponderarem antes de tomarem uma decisão irreversível. Para ilustrar isso, ele conta duas pequenas parábolas. Provavelmente, ele reflete desânimos e deserções de alguns na caminhada ou pelo menos adverte contra isso. Primeira: a construção de uma torre. Quem não calcular direitinho os gastos não vai conseguir terminar, e vai ser caçoado pelos que passarem. Segunda: o cálculo de guerra. Quem só tem dez mil soldados não vai entrando numa guerra contra quem tem o dobro. Primeiro ele vai calcular bem se consegue dar conta. Se acha que não dá, ele vai procurar a paz. Tudo isso é bom para dizer que seguir Jesus supõe decisão firme, renúncia total e coragem de correr o risco.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
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