Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM

28/08/2022 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Eclo 3,19-21.30-31

O texto hoje é do livro do Eclesiástico (a sigla é Eclo; cuidado para não confundir com Eclesiastes, cuja sigla é Ecl ou também chamado de Sirácida (em hebraico, Jesus Ben Sirac). O que temos hoje é uma tradução grega feita pelo neto do autor por volta do ano 132 a.C. Nesta época, a Palestina estava sob o domínio da Síria e havia um grande problema: os dominadores queriam a todo o custo impor a cultura, a religião e os costumes gregos. Muitos se entusiasmavam com a novidade, mas não estavam percebendo o perigo da destruição da identidade cultural e religiosa do povo.

O livro do Eclesiástico é uma reação a este imperialismo cultural. Procura insistir na fidelidade às tradições do povo de Deus e sua identidade própria. O capítulo 3o fala dos deveres para com os pais (vv. 1-16), a humildade (vv. 17-25); em seguida o autor medita sobre o orgulho (vv. 26-29) e termina com dois versículos sobre a caridade (30-31). Percebemos, portanto, uma clara contraposição entre a atitude orgulhosa e imponente dos dominadores e a atitude sadia e humilde dos dominados. É só aos humildes que Deus revela seus mistérios (v. 19). Grande e poderoso é só o Senhor. Fazer-se pequeno, sentir-se frágil, impotente e humilde é atitude correta e leal do ser humano. Esta atitude é fundamental para que o fiel possa reconhecer a grandeza de Deus e confiar nele. Os versículos finais mostram o valor da esmola para o perdão dos pecados e a retribuição dos favores para encontrar apoio nos momentos de queda.

2ª LEITURA – Hb 12, 18-19-22-24a

Neste texto percebemos claramente uma contraposição entre a antiga e a nova aliança. A antiga foi dada no monte Sinai através do fogo, nuvens, trevas, tempestades e som de trombeta. O ambiente não era acolhedor e aconchegante, mas terrível e aterrorizante. O povo até pedia que Deus parasse de lhe falar, pois seu modo de falar lhe causava medo. Este modo de experimentar Deus era amedrontador.

Mas a Nova Aliança acontece de um modo diferente. O povo vai experimentar um Deus próximo, amigo, solidário, íntimo. A Nova Aliança é selada através da morte e ressurreição de Jesus. Seu sangue é mais eloquente que o sangue de Abel (v. 24), quer dizer, o sangue derramado por Jesus é mais importante e traz mais resultado. Ele expia os nossos pecados, nos reconcilia com Deus e nos faz mais próximos dele. Na Antiga Aliança, o povo se aproximava do Monte Sinai no deserto. Na Nova Aliança, o povo se aproxima do Monte Sinai, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste. Quer dizer, na Nova Aliança, o céu desce até a terra na pessoa de Jesus, o Filho de Deus. Ao contrário do modo característico da Antiga Aliança, estamos num ambiente de festa na presença dos anjos e santos (v. 23). É claro que essa novidade não é uma porta para o descompromisso, mas uma chamada à responsabilidade humilde e servidora a exemplo do nosso mediador Jesus Cristo.

EVANGELHO – Lc 14,1.7-14

O ambiente

O v. 1 nos dá o ambiente do texto. É o dia de sábado. Para os judeus é um dia especial, como o nosso domingo. É um dia em que os judeus celebravam a vida, que é um dom de Deus para todo o mundo, pobres e ricos, pretos e brancos, sãos e deficientes. Jesus entra na casa de um fariseu importante, portanto, na casa de gente rica. Está para começar o banquete. Depois de curar um enfermo, mostrando que a vida é mais importante do que a lei (do sábado), Jesus observa os convidados. Ele percebeu que os convidados eram pouco modestos. Eles, vaidosamente, escolhiam os primeiros lugares (v. 7).

A parábola

Jesus, então, lhes propõe uma parábola, onde ensina que ao ser convidado para uma festa de casamento a gente não deve escolher os primeiros lugares. Com esta vaidade, a gente corre o risco de ser humilhado ao chegar um convidado mais importante e a gente ter que ceder o lugar para ele. É bom escolher, humildemente, o último lugar, pois, assim, quem nos convidou pode dizer: “Amigo, sobe mais para cima”. Assim, a gente será honrado diante de todos. No v. 11 Jesus conclui: “Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. Nada mais claro. Jesus ensinava a humildade. Ele, realmente, é manso e humilde de coração, e, quando ele se pôs à mesa com seus discípulos, ele lavou os pés de todos e depois os serviu. Jesus veio para servir e não para ser servido. Um modo humilde de ser é a novidade de Jesus.

Nos vv. 12 a 14 Jesus se dirige diretamente a quem o convidou. Ele tinha percebido que os convidados eram gente importante. Então, Jesus disse para o seu anfitrião que, da próxima vez, ele deve convidar quem não o pode recompensar com outro convite. Ele deve convidar os pobres, entrevados, coxos e cegos. Uma vez que estes não podem pagá-lo, a recompensa ficará por conta de Deus na ressurreição dos mortos. O Reino não é troca de favores, mas gratuidade absoluta, por isso Jesus propõe uma inversão de valores. Não é isso que lemos no Magnificat (Lc 1,51-53) como também na parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31)?

“Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”. No dia do julgamento isto ficará claro para surpresa de todos nós.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
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