Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM

10/07/2022 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Dt 30,10-14

Os homens têm belos projetos, mas são egoístas. Seus projetos acabam em privilégios para uns poucos e opressão para a maioria. O projeto de Deus, ao contrário, pretende trazer vida para todos. O coração de Deus só experimentará alegria, quando todos os homens viverem na solidariedade, justiça e paz. É isto que nos fala o Deuteronômio. Qual é a condição para isto? Conversão total a Deus e obediência aos mandamentos e estatutos escritos no livro do Deuteronômio (v. 10). Estes mandamentos e estatutos não são normas frias, mas a síntese das experiências vitais da vida. Portanto, seguir a Lei para o Deuteronômio é buscar a vida. Os vv. 11 a 14 querem mostrar a facilidade e a proximidade da Lei. É difícil subir aos céus, é difícil atravessar o mar, mas a Lei não está lá em cima no céu, nem do outro lado do mar. Ela está bem perto do homem, está dentro do seu próprio coração, ou seja, lá dentro da própria consciência. Coração para o semita é a sede da consciência. Quem quiser colocá-la em prática, portanto, não tem desculpas, pois obedecer à lei é obedecer ao que há de mais profundo no coração humano – seu anseio de justiça, sua busca de vida para todos. Sim, esta palavra “está na sua boca e no seu coração, para que você a coloque em prática”.

2ª LEITURA – Cl 1,15-20

Diante de tantos mediadores impostos pelos cultos pagãos e outros, como seres angélicos, tronos, soberanias, principados, autoridades e outras forças cósmicas, o autor apresenta o único mediador entre Deus e os homens: Jesus – o Filho amado. Estamos diante de um dos belíssimos hinos registrados nas cartas de Paulo ou atribuídas a ele. É uma exaltação à soberania de Cristo sobre tudo e sobre todos. Cristo é apresentado como a plenitude do humano e do divino.

Cristo origem e fim de todas as coisas – vv. 15-17

O Gênesis já dizia que o homem é imagem e semelhança de Deus. Aqui, podemos perceber que esta imagem chega à perfeição em Jesus Cristo. Ele é a visibilidade do próprio Deus no meio dos homens. Ele é o primogênito, o Filho anterior a tudo. Nele tudo foi criado, tudo que existe no céu e na terra, inclusive estas criaturas que os cultos pagãos estavam querendo apresentar como mediações. O mais interessante ainda é que tudo foi criado por meio do Filho e para o Filho. Ele é assim a origem e a finalidade de todas as criaturas.

Cristo é a cabeça do Corpo que é a Igreja – vv. 18-20

Ele é o princípio da humanidade nova. O projeto de Deus falido em Adão alcança plena realização em Jesus Cristo, que, através da sua morte e ressurreição, funda uma humanidade nova. Ele tem a primazia em tudo, porque Deus, a plenitude total, quis nele habitar. Jesus é, portanto, a plenitude de Deus no meio dos homens; ele é o projeto acabado que Deus tinha para o homem. Por meio de Jesus, através do seu sangue na cruz, Deus se reconcilia com os homens estabelecendo a paz. A humanidade reconciliada, esta humanidade nova, recriada em Cristo, é a Igreja da qual Cristo é a cabeça.

EVANGELHO – Lc 10,25-37

a) A atitude do especialista em leis e a resposta de Jesus

Ele é mal intencionado. Sua pergunta é para tentar Jesus, além de ser uma pergunta egoísta. Sua ação visa seu próprio benefício: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Como ele é um especialista em leis, Jesus pergunta o que diz a Lei. Ele responde direitinho: amar a Deus e ao próximo. Jesus aprova sua resposta e diz categoricamente: “Faça isso e viverá”. Para possuir a vida eterna não é preciso possuir muita teoria nem ser especialista em nada. Aa única especialidade que a lei exige e que Jesus insiste é a prática do amor. Como o especialista não quer saber da prática, ele teoriza mais uma vez com a pergunta: Quem é o meu próximo? Jesus responde indiretamente com uma parábola. E, nesta parábola do Bom Samaritano, ele transforma a pergunta egoísta e teórica do especialista numa pergunta altruísta e prática, onde o importante é o outro a quem eu devo amar e servir e não eu mesmo. Então, a pergunta fica assim: Que tipo de atitude prática me torna próximo da pessoa que encontro?

b) Atitude do ladrão

Uma atitude desrespeitosa, desonesta, gananciosa e usurpadora. Os ladrões de ontem e de hoje, ladrões de cor, ou de colarinho branco, ladrões que compram ou que vendem comportam-se como o funil ganancioso e o seu lema é: “o que é teu é meu”.

c) Atitude dos encarregados do Templo (sacerdotes e levitas)

Eles também são especialistas não em leis, mas em religião, em ritos. Sua preocupação não é com o outro, a pessoa, a vida, mas com a religião, o Templo, os ritos, o culto, a pureza ritual. Eles concentram sua atenção em torno dos Templos e dos cultos sem vida e a parábola lhes mostra que Deus não está mais no Templo, mas na pessoa dos excluídos e dos marginalizados. Eles possuem valores aparentes e querem defendê-los mesmo em detrimento da vida. Seu lema é: “o que é meu é meu”.

d) Atitude do Samaritano

Ele não é especialista em nada. Não carrega perguntas teóricas como: quem é o próximo?, mas procura na prática estar mais próximo de quem precisa. A parábola insinua que o assaltado e moribundo era um judeu (judeu era inimigo de samaritano). Mas o samaritano está preocupado com a vida em perigo e não com rixas e picuinhas. Sua atitude é de compaixão, atitude divina que no evangelho de Lucas é reservada apenas ao Pai (cf. 15,20) e a Jesus (cf. 7,13). A parábola ocupa um grande espaço para enumerar as diversas atitudes práticas do samaritano. Ele toma todas as atitudes necessárias para curar e salvar o seu próximo, inclusive, passa a noite com ele. Além disso, deixa um dinheiro a mais com o hospedeiro e disse que, na volta, pagaria, se precisasse de alguns cuidados especiais. Ele é o homem da solidariedade e partilha. O bom samaritano é a autobiografia de Jesus. Seu lema é: “o que é meu é teu”. Jesus não quer sacrifícios, mas misericórdia.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
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