Diocese de Caratinga

Rádio Eclesia

15º DOMINGO COMUM

16/07/2023 . Comentários Homiléticos

1ª LEITURA – Is 55,10-11

O livro do profeta Isaías pode ser dividido em 3 partes: o 1º Isaías: capítulos de 1-39: o 2º Isaías: capítulos de 40-55: e o 3º Isaías: capítulos de 55-66. Essas partes são de épocas diferentes e de autores diferentes, mas tudo atribuído ao grande profeta. O nosso trecho pertence ao final do 2º Isaías. Foi escrito durante o exílio babilônico que durou de 586 a 538 antes de Cristo. O povo está sofrendo no exílio, sem a Terra Prometida e sem o Templo para os sacrifícios. Sua fé é mantida através do culto da Palavra de Deus. O profeta anônimo pretende consolar e encher o povo de esperança de um breve retorno para a Terra Prometida, que eles perderam por causa das infidelidades à palavra do Senhor. Mas o Senhor permanece fiel e vai trazer o povo de volta. É importante, porém, que o povo mude de vida, acredite de novo na Palavra do Senhor e volte a ele, que é fonte de água, de alimento e de vida (Is 55,1-3).

A Palavra do Senhor é como a chuva e a neve

O profeta compara a Palavra do Senhor com a chuva e a neve que engravidam a terra produzindo frutos. Para o povo cananeu, que habitava a Palestina, a terra era o elemento feminino e a chuva o elemento masculino. Assim a divindade com o elemento masculino – a chuva – engravida a terra e a torna fecunda, fonte de vida. O profeta quer mostrar a fonte fecundante e vital da Palavra de Deus capaz de criar vida no seio do povo. A Palavra do Senhor é expressão do seu poder criador e libertador. Por ela ele criou céus e terra, por ela ele libertou o povo da escravidão egípcia. Também por meio dela, ele vai alimentar a esperança do povo e trazê-lo de volta à liberdade e à vida. No Segundo Testamento quem é a Palavra de Vida? (cf. Jo 1,1ss; Hb 1,1ss).

2ª LEITURA – Rm 8,18-23

O título que a Bíblia de Jerusalém (BJ) traz para o capítulo 8º da carta aos Romanos é a “vida do cristão no Espírito”. Depois tem 5 subtítulos. Os nossos 6 versículos pertencem ao texto intitulado: “Destinados à glória”. Estes versículos tratam da solidariedade entre o ser humano e a natureza, mostrando que ambos são destinados à glória.

Solidariedade no mal

É profundamente ecológico. Afinal, o ser humano é corpo, alma e espírito (cf 1Ts 5,23). Seu corpo provém do corpo do universo. É feito do pó da terra. O pecado da humanidade (violação da palavra de Deus) estragou sua vida, trouxe-lhe sofrimento e morte (Gn 3,17) e submeteu o poder do universo ao poder do nada, à escravidão da corrupção. Hoje, a consciência ecológica está atingindo o mundo todo. Todos sabemos que estamos destruindo a casa (o mundo), onde moramos: desmatamentos, poluição, guerras, drogas. O ar que respiramos carrega veneno mortífero. Até mesmo o Sol indispensável para a vida começa a nos prejudicar com seus raios, pois estamos destruindo o filtro de ozônio que nos protege. O homem destruindo o seu lar ficará desprotegido e destruirá a si mesmo.

Solidariedade no bem

Mas não está tudo perdido. Fica a esperança. Todo esse sofrimento, toda essa agonia mortal do homem e do universo não se compara com a glória que estamos aguardando com ansiedade. São Paulo compara o sofrimento presente tanto do ser humano quanto do universo com os gemidos e as dores do parto. Dizer dores do parto é afirmar que a dor é muito grande, mas ao mesmo tempo implica em esperança, pois logo que a vida renascer só haverá alegrias. Nós já temos as primícias do Espírito. As primícias (os primeiros frutos) indicam a qualidade exuberante da colheita. Nós já somos filhos adotivos, já fomos remidos pelo sangue de Cristo, mas ainda vivemos mais na carne do que no Espírito. Quando esta vida no Espírito chegar à plenitude, esqueceremos por completo nossa caminhada de escravidão e dor, e todo o universo entrará conosco na liberdade da glória dos filhos de Deus.

EVANGELHO – Mt 13,1-23

O texto é muito extenso, por isso não poderemos entrar em todos os detalhes. Parece que aqui temos a parábola da semente contada por Jesus e depois a aplicação desta parábola feita pelo evangelista para a sua comunidade. Nesta explicação, a parábola da semente é transformada na alegoria dos “4 tipos de terrenos”. A parábola transmite uma mensagem. A alegoria transmite diversas. Entre a parábola e sua explicação há um diálogo entre Jesus e os discípulos.

1. A parábola da semente

A semente é a palavra de Deus que Jesus estava semeando. Os discípulos pareciam desanimados por causa do rompimento de Jesus com as lideranças da época. Parece que Jesus não está tendo muito sucesso no seu ministério! A parábola parece fazer um balanço da atividade de Jesus para reanimar o entusiasmo dos discípulos. Jesus está encontrando muitos obstáculos, muita rejeição. Afinal, 3/4 da semente se estragam (os pássaros comeram as sementes que caíram à beira do caminho, o sol queimou as plantas sem raízes profundas do terreno pedregoso e os espinhos sufocaram a terceira parte das sementes). Jesus tinha tudo para desanimar. Mas aqui vem o ensinamento da parábola. O que aconteceu com a quarta parte que caiu no terreno bom? Frutificou abundantemente. A soma de 100 + 60 + 30 é igual a 190. Dividido por 3 mostra que a média de produção da quarta parte foi de 63 frutos por semente. Uma ótima produção que compensou a perda dos outros 3/4. A parábola é um incentivo ao trabalho missionário, apesar dos aparentes fracassos. É uma lição de otimismo e esperança. Sempre há uma quarta parte a produzir frutos, que superam o fracasso das outras 3 partes dos nossos empreendimentos! A palavra de Deus nunca retorna vazia sem produzir frutos (veja a primeira leitura).

2. A aplicação da parábola

A parábola agora é aplicada à comunidade do evangelista. A atenção agora se volta para os quatro tipos de terrenos e não mais sobre a semente. A parábola é aplicada à situação de crise da comunidade de Mateus. Por que a palavra não está produzindo frutos? Quais os obstáculos que os corações dos homens estão apresentando?

– A beira do caminho representa a insensibilidade, a não acolhida da palavra. Os pássaros são o maligno.

– O terreno pedregoso representa o entusiasmo fácil e passageiro. O sol do sofrimento e da perseguição mata a acolhida sem compromisso.

– O terreno cheio de espinhos representa um coração disposto, comprometido, mas dividido com muitas preocupações. Ninguém pode servir a dois senhores. Os espinhos simbolizam as preocupações do mundo e a ilusão das riquezas. Essas coisas sufocam a Palavra e não permitem frutificar.

– A terra boa é o coração acolhedor e cuidadoso que faz frutificar a semente numa produção abundante.

3. O diálogo (vv. 10-17)

Os discípulos perguntam a Jesus por que ele fala para a multidão em parábolas. A resposta parece ser um pouco enigmática. Na verdade, Jesus fala em parábolas, porque é uma forma mais fácil de todos entenderem e assumirem compromissos. Mas, aqui, “parábola” aparece com o sentido de enigma. Na verdade, trata-se de uma constatação da rejeição e insensibilidade dos judeus diante da pregação de Jesus. Eles não quiseram assumir compromisso com Jesus. A comunidade cristã, constatando a rejeição dos judeus, coloca a citação de Isaías 6,9-10 na boca de Jesus em forma de profecia contra os judeus. Os discípulos são felizes por acolherem os mistérios do Reino. Os judeus são infelizes, porque os rejeitaram.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga

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