Diocese de Caratinga

Rádio Diocesana

14o DOMINGO DO TEMPO COMUM

06/07/2025 . Comentários Homiléticos

1a  LEITURA – Is 66,10-14c

O texto da liturgia de hoje pertence ao 3o Isaías ou 3a parte do livro do profeta Isaías (I Isaías – 1-39; II Isaías – 40-55; III Isaías – 56-66). O 3o Isaías é o profeta da esperança e da reconstrução. O povo já voltou do exílio babilônico, voltou com muita esperança de reconstruir Jerusalém o mais rápido possível. Mas Jerusalém tinha sido toda destruída. O povo encontrou só escombros, miséria e fome. Começaram o trabalho, mas o tempo foi passando e as dificuldades aumentando. Todos nós diante dos problemas somos vítimas do imediatismo. Queremos sarar de um dia para o outro, queremos resolver tudo hoje; começou então a haver um desânimo e até dúvida sobre o poder de Deus. É aqui que entra o profeta da esperança, lembrando a força restauradora e o carinho materno do Deus libertador. O profeta não olha para baixo, partilhando o pessimismo do povo, mas olha para o alto enxergando longe e vislumbrando uma perspectiva de transformação e glória. Ele levanta o moral do povo abatido convidando a todos para uma festa, partilhando a alegria de uma Jerusalém reconstruída (v. 10). Jerusalém é comparada com uma mãe cheia de vigor, amamentando seus filhinhos. Assim como uma criança só tem alegria no colo da mãe, assim todos os filhos de Sião devem regozijar-se (vv. 11-13). Esta metáfora da mãe, onde o coração materno de Deus é transferido para Jerusalém, quer mostrar a transformação que Deus fará da cidade, trazendo para ela o bem-estar e as riquezas das nações (v. 12) Deus quer trazer vida e consolo para seu povo como uma mãe, que amamenta e tranquiliza seu filho (v. 13). Jerusalém vai-se transformando na cidade símbolo da ternura e da justiça de Deus. Diante de tudo isso, por que a tristeza? O importante é arregaçar as mangas e mãos à obra! O Novo Testamento vê em Jesus Cristo a realização das promessas de Deus e o alicerce da nova Jerusalém (Ap 21,1-22,5).

 

2a  LEITURA – Gl 6,14-18

     Entre os gálatas infiltraram-se os judaizantes, aqueles que são apegados à Lei judaica, para destruir o evangelho de Paulo. Paulo prega a salvação através da cruz de Cristo. Os judaizantes pregam uma salvação através do rigor da Lei e da necessidade da circuncisão. Paulo deixa claro que os judaizantes buscam seus próprios interesses e querem separá-lo dos gálatas. Eles fogem da perseguição, que sofre quem aceita a cruz de Cristo, e buscam gloriar-se na carne, ou seja, na circuncisão dos gálatas. A preocupação deles é aparecer. O trecho de hoje é o final da carta, a mais brava que Paulo escreveu, pois ele percebe o perigo da destruição de todos os seus esforços e trabalhos de evangelizador. Podemos destacar nestes versos finais três temas: a inutilidade da circuncisão, o valor salvífico da cruz de Cristo e o renascimento cristão como nova criatura. A inutilidade salvífica da incircuncisão e de toda a Lei fica bem clara na carta. Aderir à Lei é inutilizar a cruz de Cristo. A Lei não é capaz de gerar vida. Ela teve sua função até a chegada de Jesus (cf. 3,21-25). A única glória do cristão não está nele, mas na cruz de Cristo. A cruz deve ser vista sob dois aspectos: o da morte e o da vida. Paulo diz que na cruz de Cristo o mundo da injustiça, da vaidade e do pecado morreu para ele, e ele para o mundo. Na cruz, Cristo destrói o antivalor mal, pecado, morte. Da cruz, Cristo faz brotar a vida, a ressurreição, a nova criatura. A cruz não é escravidão como a Lei, que nos torna cativos de normas e preceitos, que não somos capazes de cumprir, mas é libertação para a vida. Quem adere à cruz de Cristo encontra a paz e a misericórdia, o perdão dos seus pecados para viver como nova criatura reerguida pela graça de Deus e não abatidos pelo peso da Lei. A prova da honestidade, fidelidade e verdade do evangelho de Paulo está nas cicatrizes do seu corpo, maltratado e torturado por causa de Cristo (v. 17). O caminho do verdadeiro missionário é o mesmo caminho de Cristo; primeiro, a cruz; depois, a ressurreição.

 

EVANGELHO – Lc 10,1-12.17-20

 

Estamos no contexto da grande viagem para Jerusalém, que em Lucas ocupa uma parte considerável do evangelho. Vai de 9,51 até 19,27. Lá, em Jerusalém, Jesus vai enfrentar a cruz da libertação. Ele vai morrer para trazer a vida para todos.

a) Todos devem participar

O número 72 é simbólico para lembrar que todos são chamados (não apenas os 12 apóstolos) a trabalhar para o Reino. A missão não é privilégio da cúpula, pois toda a Igreja é missionária. Para os antigos o número 72 representa todas as nações do mundo. Quer dizer, a salvação é para todos e todos devem se empenhar.

 

b) Quem são os discípulos e como devem agir

São pessoas de oração (“rogai ao dono das plantações para mandar operários”). Quem reza acredita na gratuidade do amor de Deus, tem consciência de que quem cuida da colheita é Deus; a missão é um dom do seu amor. Eles lançam a semente da palavra em meio aos conflitos da sociedade (cordeiros no meio de lobos). Seus métodos se distinguem do método violento dos opressores – os lobos. Uma condição essencial do missionário é o desprendimento (não deve levar nada). A missão é caracterizada pela urgência (não devem parar), pelo anúncio da paz e da proximidade do Reino, transformando as estruturas, curando e reintegrando as pessoas. A paz significa plenitude dos bens messiânicos, condição favorável à vida de todos. Eles não devem agir visando lucro, mas devem se contentar com o necessário (vv. 7ss). Eles não devem fazer média com os poderosos, que não querem acolher a mensagem, por isso, ao saírem, devem sacudir a poeira dos pés como gesto de ruptura. O julgamento fica para Deus (vv. 10-12).

c)  O retorno dos 72 discípulos

Trata-se de um contínuo retorno às fontes da evangelização. Nossos trabalhos devem sempre ser avaliados à luz do evangelho. Nada de triunfalismo, nada de vaidade. A glória compete a Cristo, cujo anúncio do Reino espanta os demônios e é superior a todas as manifestações de morte (poder de pisar em serpentes e escorpiões). A alegria dos discípulos reside no fato de os nomes deles estarem escritos no céu.

Dom Emanuel Messias de Oliveira

Bispo Emérito 

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