1ª LEITURA – Ex 17,3-7
O povo, a caminho da Terra Prometida, começa a reclamar de Moisés (v.4), porque está faltando água. Não apenas reclama de Moisés, mas também coloca Deus à prova, duvidando de sua presença no meio deles (v.7). Onde aconteceram estas provocações e contestações? Provavelmente, perto de uns lugares chamados Massa e Meriba. Quando o v. 7 fala que Moisés deu a esse lugar o nome de Massa e Meriba é porque estas dificuldades foram associadas a estes lugares, cujos nomes significam “provocação” e “contestação”. Este episódio é lembrado no Sl 95 (94): “Oxalá vocês escutem hoje o que ele diz: Não endureçam seus corações como aconteceu em Meriba, como no dia de Massa, no deserto, quando seus antepassados me provocaram e tentaram, mesmo vendo minhas obras” (vv. 7-8).
Diante destas reclamações e ameaças de voltar ao país da escravidão, Moisés começa a perder a paciência. Não sabe mais o que fazer com o povo. Deixará o povo estragar o projeto libertador de Deus? Não! Moisés está em sintonia com Deus. Ele coloca o problema, e Deus dá a solução. Com a mesma vara que, pelo poder de Deus, Moisés feriu o Nilo, ele baterá na rocha do Horeb e dela sairá água para o povo beber. Deus não larga seu povo. Ele é fiel e caminha sempre à frente do seu povo, libertando-o através de suas obras prodigiosas. No Primeiro Testamento, Jesus, Deus-Conosco, vai se apresentar como a água da vida (evangelho).
2ª LEITURA – Rm 5, 1-2.5-8
A tese de Paulo é que somos justificados, não por causa das nossas obras, mas pela fé em Jesus Cristo. Isto nos traz consolo e paz com Deus, quer dizer, por Jesus Cristo nós estamos reconciliados com Deus, temos acesso à graça. Nossa vida começa a ter sentido e aumenta nossa esperança; não nos engana, pois é garantida pelo Espírito Santo, que derramou em nossos corações o amor de Deus.
Deus nos deu uma prova inconfundível do seu amor. Ninguém tem coragem de morrer por ninguém. “Talvez haja alguém que tenha coragem de morrer por um homem de bem (v. 7). Mas, alguém estaria disposto a morrer por um homem mau e pecador?”. Pois foi isto que aconteceu com Cristo. “De fato, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento oportuno, morreu pelos ímpios” (v. 6). Aqui, está a grande prova do amor de Deus. Foi enquanto éramos pecadores que Cristo morreu por nós (v. 8). A nós, não cabe nenhum mérito. Nossa salvação depende da morte e ressurreição de Jesus. É pura graça. A nós compete a abertura do coração na fé para acolher a salvação como dom de Deus, em Jesus Cristo.
EVANGELHO – Jo 4,5-42
Jesus, a mulher samaritana e o poço de Jacó.
Jesus está sentado, sozinho, junto ao poço de Jacó, em plena Samaria. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimento. De repente, chega uma mulher samaritana para pegar água. O poço simboliza a Lei, as instituições judaicas e a sabedoria, por conter a água, fonte de vida. Jesus, água viva, supera estas realidades e as substitui. Ele é agora a fonte de água viva.
Jesus quebra os preconceitos de raça e religião e vai se revelando aos poucos. Jesus, para provocar o diálogo, pede água (v. 7). A mulher estranha, pois “os judeus não se dão bem com os samaritanos”. Jesus rompe os preconceitos de raça e, para continuar o diálogo, excita a curiosidade da mulher a respeito do conhecimento do dom de Deus e da sua pessoa (v. 10). Aqui, a mulher já intui que Jesus é maior que o pai Jacó (v. 12). Jesus, então, lhe promete água viva, água corrente, água que mata a sede para sempre e, mais do que isto, a água do seu Espírito, a força que vem de dentro e jorra para a vida eterna. A mulher, mesmo entendendo pouco, se abre ao diálogo. Pensando em se poupar a si mesma, quanto ao retorno constante ao poço, pede a Jesus desta água ( vv. 13.15).
Jesus dá um passo à frente no diálogo. Foi outra provocação-revelação, desvendando a vida da mulher, que já estava no sexto marido-amante. Aí, ela descobre que Jesus é um profeta e levanta a questão religiosa do verdadeiro Templo, onde se deve adorar, se é no Templo dos samaritanos, ou no Templo de Jerusalém. Jesus acaba com o preconceito religioso, dizendo que chegou a hora de esquecer o Templo e adorar a Deus, em espírito e verdade. A esta altura, Jesus leva a mulher a ver nele o Messias (vv. 16-26).
De evangelizada a evangelizadora
Os discípulos chegam e ficam espantados ao ver Jesus conversando com uma mulher. A mulher sai e se torna evangelizadora, ainda que, um pouco indecisa, anunciando a todos: “Será que Ele não é o Messias? E o povo vai ao encontro de Jesus” (vv. 27-30).
Os discípulos oferecem alimento a Jesus e Ele afirma que seu alimento é realizar a obra d’Aquele que o enviou. Jesus é ao mesmo tempo o semeador da obra-projeto do Pai e o trigo a ser semeado (vv. 31-38).
Por causa do testemunho da mulher, os samaritanos acolheram Jesus, e muitos creram nele e chegaram à profissão de fé em Jesus como o Salvador do mundo (vv. 39-42).
Dom Emanuel Messias de Oliveira