SEMINÁRIO PROPEDÊUTICO:
Empenho na FORMAÇÃO de Padres
Em decorrência do constante incentivo da Igreja para a existência do Curso Propedêutico, embora equivalendo ao primeiro ano de filosofia, em ambiente separado do restante desse curso e do curso teológico, nosso bispo diocesano, dom Hélio Gonçalves Heleno, como sempre muito empenhado na formação de presbíteros para a Igreja, juntamente com as dioceses de Guanhães e Governador Valadares, determinou através de um decreto no dia 02 de fevereiro de 1998 que se estabelecesse na cidade de Entre Folhas o Seminário Propedêutico São José. Aquilo que antes era visto como um sonho de grande necessidade agora dava um passo, primeiro e decisivo, para sua consolidação.
Para seu funcionamento, adaptaram-se, com uma reforma feita pelo Seminário Diocesano ajudado por algumas paróquias da diocese, dois prédios ao lado da Igreja Matriz de Entre Folhas, onde antes era a casa paroquial, e designou para assumir a reitoria o padre José Moreira Bastos Neto que já havia assumido aquela paróquia. Os 13 primeiros seminaristas da primeira turma chegaram a Entre folhas dia 26 de fevereiro de 1988.
No entanto, a criação do Propedêutico, se deu no dia 28 de fevereiro, quando às 19h e 30min, na Matriz Nossa Senhora do Rosário em Entre Folhas, celebrou-se a sagrada eucaristia presidida, a convite de dom Hélio, por dom José Eugênio Corrêa, bispo emérito de Caratinga e criador de nosso Seminário Diocesano, e, concelebrada pelo próprio dom Hélio, além dos padres: Mons. Levy, então reitor do SDNSR, Paulo Peixoto, Othon, Jamir e o diácono José G. Gouvêa e, além disso, teve a liturgia animada pelos seminaristas alunos dos Cursosde filosofia e teologia.
Em Entre Folhas, dentre outras coisas, marcou muito positivamente a vida do Seminário Propedêutico a forma como ele foi acolhido pela comunidade; o entusiasmo e a alegria que envolvia as pessoas que se ligavam a ele, assim como a vida orante do povo, tornou-se marca indelével em nossa história.
A transferência – Por motivos diversos, entre eles a dificuldade de acesso e a falta de espaço disponível, o curso Propedêutico em Entre Folhas tornou-se inviável. Em virtude disso, Dom Hélio após reunir-se com os consultores e formadores decretou: “Atendendo às necessidades de melhor preparação de nossos jovens para ingressar no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário, de Caratinga, Havemos por bem transferir, como por este nosso DECRETO transferimos o Seminário PROPEDÊUTICO SÃO JOSÉ, de Entre Folhas para Ubaporanga” (Decreto de transf. VI lv. Nº 532).
Assim, após ter funcionado em 1998 e 1999 em Entre Folhas, no dia 12 de fevereiro de 2000, com a celebração eucarística presidida por Dom Hélio e concelebrada por seis padres, entre eles, Padre José Antônio Nogueira, que além de Administrador Paroquial de Ubaporanga, foi nomeado reitor do Propedêutico, Padre Othon, Padre José Tito, Padre José Moreira, Padre Paulo Peixoto e aquele que anos mais tarde se tornaria reitor, Padre José Carlos de Oliveira.
A recepção das pessoas de Ubaporanga ao Seminário Propedêutico não contrariou as expectativas, inclusive, conta o Padre José Antônio, que a ampliação da então casa paroquial de Ubaporanga para acolher o Seminário foi feita com ajuda dos paroquianos em três meses. Ainda hoje calorosamente as pessoas vêm ao encontro dos seminaristas, como quem acredita e espera neles, e, mais que isso, reza constantemente pela vocação de cada um.
A primeira turma em Ubaporanga contou com 21 seminaristas, também das três dioceses. Nesse início havia um grande desafio pastoral naquela paróquia. As primeiras turmas empenharam-se no trabalho apostólico, assim como na estruturação física do seminário e da paróquia, trabalho continuado pelas turmas seguintes.
A partir de 2001, o curso Propedêutico já não foi mais equivalente ao primeiro ano de filosofia, o que acarretou o aumento de um ano no processo formativo. Foram excluídas do currículo as matérias filosóficas e incorporadas a ele outras mais preparatórias, até mesmo em suprimento de carências educacionais dos seminaristas.
O último ano que o Propedêutico que recebeu seminaristas da diocese de Governador Valadares foi ode 2002. Foram oito seminaristas que ficaram apenas um semestre em Ubaporanga, pois no segundo semestre entrou em funcionamento o Seminário Diocesano Senhora Auxiliadora na cidade de Governador Valadares.
Constantes inovações marcaram e marcam a história do Seminário Propedêutico em Ubaporanga, desde o aspecto humano, vivo, que ano a ano se renova com a chegada de novos seminaristas, cada turma com um jeito especial de viver sua vocação, até o espaço físico que se refaz constantemente com construções e reformas. Agora mais recente a ampliação e restauração da casa do Seminário feita pelo atual reitor, padre José Carlos.
O dia-a-dia – O Seminário Propedêutico São José é uma instituição muito bem organizada com suas orientações formativas de acordo com o que a Igreja deseja. Em sua dinâmica, o Seminário oferece aos seminaristas uma formação em quatro níveis: oração, estudo, trabalho e lazer. Há uma preocupação em ajudar os jovens nessas áreas fundamentais em seu aspecto comunitário, a fim de que possam sempre crescer na amizade e partilhar as alegrias e tristezas da vida, além de ajudá-los no discernimento vocacional.
A formação espiritual é especial na vida dos seminaristas. Por isso o seminário tem alguns momentos de oração comunitários para levar os jovens a uma aproximação maior com Deus e com os irmãos: liturgia das horas, ângelus, terço, missa, retiro e dias de espiritualidade. Diferente do que muitas pessoas pensam, a vida no seminário não se resume apenas à oração. Outras atividades são realizadas para o entrosamento dos seminaristas, formadores e professores.
O estudo, dentro da formação intelectual, procura despertar nos seminaristas um profundo gosto pelo saber, enriquecendo seus conhecimentos em muitas dimensões. No Propedêutico, são trabalhadas disciplinas importantes na formação dos futuros padres, tais como Introdução ao Mistério da Salvação, com um conhecimento centrado nas Sagradas Escrituras e documentos da Igreja; Língua Portuguesa, visando à comunicação evangelizadora dentro da norma culta; e Psicologia, para ajudar os seminaristas a superar algumas dificuldades.
Uma característica importante do seminário é a organização do tempo de tal forma que, além do que se estabelece para oração e estudo, os seminaristas prestam duas horas por dia de trabalho. Cada um escolhe por aptidão a função que deseja desempenhar: jardins, hortas, galinheiro e limpeza da casa. Pela disposição no trabalho, os jovens formam consciência do chamado para o serviço na Igreja. Para dinamizar ainda mais a vida no seminário, os seminaristas têm momentos de lazer para praticar diversas modalidades esportivas.
Muita ajuda – O seminário propedêutico quer render graças a Deus por essa caminhada e agradecer a todas as pessoas que lhe prestaram ou prestam algum serviço, ajudando na formação dos seminaristas. O saudoso padre Othon, que de modo carinhoso foi denominado “Apóstolo das vocações”, durante sua estada à frente da paróquia de Ubaporanga, realizou intenso trabalho de organização e animação da OVS (Obra das Vocações Sacerdotais), um grupo de leigos que se reúne com o objetivo de rezar pelas vocações e colaborar com o sustento dos seminários.
Esses grupos estão em diversas paróquias, mas o de Ubaporanga é especial no sentido de que só ele sente mais profundamente, na convivência com os seminaristas, a resposta de Deus às constantes orações da OVS. Escrevendo aqui em Diretrizes, em janeiro de 2002, Erli Terezinha de Araújo Fernandes, presidente da OVS de Ubaporanga, relatou que a maior tarefa do grupo é criar na paróquia um ambiente propício à formação, o que tem acontecido de forma significativa e sendo percebido pelos seminaristas todos os anos. Lembremo-nos sempre de que a messe é grande, mas os operários são poucos, por isso, intensifica-se o pedido ao Senhor da messe que lhe envie operários.
Uma menção especial às senhoras que têm tanto zelo pelos seminaristas, sobretudo na alimentação. Nos dois anos que o seminário esteve em Entre Folhas, este bonito trabalho foi prestado por três senhoras: Maria do Carmo, Lourdes e Erta. Já em Ubaporanga, desempenharam este serviço dona Guilhermina e sua filha Cleuza, por três anos, e atualmente a senhora Maria do Rosário, popularmente conhecida como dona Fia.
O logotipo – O Propedêutico tem um logotipo desenhado recentemente pelo padre Fabrício Almeida de Moura, administrador paroquial de Entre Folhas. Nele representam-se vários símbolos ligados à vocação. A ideia do barco lembra a barca de Pedro. As águas estilizadas no formato de Bíblia, em que o barco se apoia, lembram tanto a missão de batizados quanto a inspiração que provém da Palavra de Deus na resposta à vocação. Outros elementos significativos estão presentes, como o mastro em forma de cruz que lembra a entrega de Cristo e de cada sacerdote. Os três lírios estilizados na vela lembram a Santíssima Trindade e fazem referência ao padroeiro da casa, São José. O cajado é figura do Cristo Bom Pastor, guia do padre diocesano. Por fim, as letras SPSJ são as iniciais de Seminário Propedêutico São José.
Sentido desse tempo – Propedêutico é um adjetivo grego que significa introdutório, que serve de introdução, ou seja, que sana eventuais deficiências educacionais e prepara para receber um estudo mais completo e específico. Pode-se dizer que é um tempo de preparação humana, cristã, intelectual e espiritual, que ajuda o jovem vocacionado a adaptar-se ao estilo de vida no seminário, desenvolvendo hábitos e disciplinando o ritmo de oração, estudo e administração do tempo. Desde o início, são articuladas as dimensões do processo formativo, assegurando a integralidade de formação.
Visto que é um momento propício ao crescimento pessoal, trabalha-se bastante a dimensão do chamado, ajudando no melhor discernimento do seminarista, que experimenta mais profundamente sua resposta ao apelo de Deus. Para isso tem-se um bom acompanhamento espiritual e psicológico, que possibilita um amadurecimento pessoal, principalmente na dimensão humana, social e religiosa, haja vista que essas dimensões são imprescindíveis ao presbítero e devem ser cultivadas já no início da caminhada.
Em 1992, o papa João Paulo II, em sua Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis (Eu vos darei pastores), pediu que os seminários tivessem o Propedêutico, conforme se pode ler no trecho extraído do nº 62: “A finalidade e a configuração educativa do Seminário Maior exige que os candidatos ao sacerdócio entrem já com alguma preparação prévia. Tal preparação não colocava problemas particulares, pelo menos até alguns decênios atrás, no tempo em que os candidatos ao sacerdócio provinham habitualmente dos Seminários Menores e a vida cristã das comunidades oferecia facilmente a todos, indistintamente, uma discreta instrução e educação cristã … peço que haja um período adequado de preparação que preceda a formação do seminário”.
No entanto, em nossa diocese a experiência do Propedêutico é mais antiga. Já em 1983, quando o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário completava 25 anos de fundação, criou-se nele um curso de seis meses que antecedia o curso de Filosofia, que passaria a ser de dois anos e meio. Mas em 1986, este curso Propedêutico se integrou ao curso de Filosofia que passou a ter três anos de duração.
1- Pe. José Moreira Bastos Neto (1998 – 1999)
2- Pe. José Antônio Nogueira (2000 – 2005)
3- Pe. José Carlos de Oliveira (2006 – 2011/out)
4- Pe. José Geraldo de Gouveia (2011/nov – 2014 /mai)
5- Pe. Joaquim Rocha de Calais (2014/jun – 2021/fev)
6- Pe. Raniel Carlos de Freitas (2021/mar – )