Queridos irmãos e irmãs, religiosos/as, seminaristas, padres, diáconos, Dom Emanuel, bispo emérito, e Dom Juarez, bispo da nossa Diocese de Caratinga. Daqui das Ilhas Seychelles, saúdo-vos, no Senhor!
Desde o dia 09 (nove) de março de 2025 encontro-me em missão nestas ilhas. Compartilho com todos as alegrias desta experiência. Acredito que vivemos aqui o mandado de Jesus: “Ide!”, iluminados pelo evento de Pentecostes: “homens de diferentes culturas e línguas que nos entendemos, por causa do Evangelho”.
Somos, hoje, três missionários: Zulficar Hussein (Moçambique), Joseph Kaye (Uganda) e eu (Brasil). E aguardamos outro missionário (Quênia), a partir de janeiro de 2026. Embora cada um de nós tenha a sua história, dificuldades, singularidade e alegrias, procuramos potencializar a esperança, pois a Esperança não decepciona.
Nossa principal missão consiste em auxiliar aqueles irmãos que sofrem com a dependência química e desejam se recuperar. Se hoje estamos livres desse mal, foi porque, com a graça de Deus, encontramos pessoas que nos ajudaram. E o que recebemos de graça, de graça partilhamos com eles. Registro ainda que, desde novembro, a pedido do bispo Dom Alain Harel, estou colaborando na paróquia São Pedro e São Paulo, em concelebrações, até me aprimorar na língua local, o creolo. Seu desejo é que eu fique mais responsável pela referida paróquia no próximo ano.

Nosso espírito crítico entende que, infelizmente, os governos mundiais não querem acabar com as drogas. Para a máquina que gera pobres, doentes, analfabetos, famintos e constrói circos para entreter a massa, o dinheiro lavado das drogas é a graxa que lubrifica a parafernália que aumenta o abismo entre pobres e ricos no mundo. O foco deles é outro: querem riquezas e a perpetuação no poder, mediante as guerras intermináveis, como as conhecidas entre Rússia e Ucrânia, Israel e Palestina; fora as guerras no continente africano, pensadas e motivadas pelos EUA e países europeus, que a grande mídia não mostra. Além, é claro, das chacinas de pobres e pretos, disfarçadas de combate ao crime organizado, como as do Rio de Janeiro. Existem crimes mais organizados do que as guerras empreendidas pelos Estados?
Graças a Deus não estamos servindo às trevas. Estamos aqui por causa do Evangelho. O Sol nascente nos veio visitar. Uma estrela indica que a Luz do mundo chegou. O Filho nos foi dado. A criança que nos faltava, chegou irradiando alegria e esperança.
Meus irmãos e irmãs, quando acolhemos um irmãozinho que chega ferido, sem brilho nos olhos, sem sonhos e, às vezes, ressequido, procuramos vê-lo com o olhar de Jesus e ver Jesus nele. Quando servimos alguém, sentimos que estamos servindo o próprio Jesus, e sendo servidos por Ele neles.

Aqui, nós trabalhamos todos os dias, capinamos, plantamos, regamos, limpamos, cozinhamos. Mas, colocamos a Eucaristia no centro da nossa vida e da nossa missão. Estamos em missão em nome da Igreja e em comunhão com a Igreja. Se ensinamos alguma coisa, sentimos e sabemos que aprendemos muito mais.
Nós missionários temos a consciência que estamos de passagem. Em breve, cada um de nós segue seu caminho missionário para outras terras. Eu, com a graça de Deus, retornarei para nossa querida Diocese de Caratinga. Procuramos agir de tal forma para que Jesus seja mais conhecido e amado. Com esta experiência, confesso que entendo com mais clareza a minha vocação. E todas as passagens bíblicas, especialmente aquelas presentes nos evangelhos, são melhores conhecidas e recepcionadas, não por meio da intelecção, mas através da sensibilidade que experimenta na carne a força transformadora da Palavra de Deus. Hoje eu sei, na minha vida, o verdadeiro sentido da manjedoura. Toda vez que rezo O Memorial do Cordeiro, agradeço ao Senhor que, por pura graça, fez das minhas mãos uma nova manjedoura para a Criança que nasce no natal; o Missionário que nos visita desde a nossa concepção ao último sono; o Crucificado que redime nossos pecados; o Ressuscitado que nos devolve a alegria da vida em comunhão, e para o Jesus Eucarístico que nos sustenta na missão.
Nossa comunidade missionária deseja a todos um santo natal missionário. Aproveitem a Novena de Natal para realizarem a missão nas famílias, ruas, comunidades e paróquias. E como nos advertiu o saudoso Papa Francisco: prefiram os sapatos ao sofá. Rezem por mim! Rezem por nós. Deus os abençoe em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo!
Zwaye Noel! Joyeux Noël! Merry Christmas! Feliz Natal!
Pe. Odilon Ferreira Ramos
Ilhas Seychelles, 23 de novembro de 2025, Solenidade de Cristo Rei do Universo.