O Bom Jesus é nossa Paz!

04/08/2022 . Notícias da Diocese

É tempo de Jubileu em Manhumirim. Da cruz do Bom Jesus, do seu trono de amor, jorram cascatas de luzes e de bênçãos para os seus devotos de perto e de longe que acorrem a Ele fazendo seus pedidos e agradecimentos.

O Bom Jesus atrai milhares de pessoas ao seu Santuário. É bonito de se ver o coração agradecido e suplicante do romeiro, como também seus relatos de graças e milagres alcançados pela oração fervorosa, pedindo ao Pai pelo nome do Bom Jesus. O Romeiro se sente confiante e seguro nas mãos do Bom Jesus, sabe que seu coração se move de compaixão e misericórdia, Ele é especialista em entender o sofrimento humano. Porque é o “homem do sofrimento, experimentado na dor. Era na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram nossas dores, que levava às costas” (Cf. Is 53,3-4).

Vivemos em tempos de convivência com a pandemia da Covid-19 e dos desdobramentos gerados por esta crise sanitária. Quanto sofrimento! Quantas mortes! Quanta indiferença por parte de muitos diante do cenário construído pela Covid-19. Mas, não podemos nos esquecer dos bons exemplos dos que foram bons samaritanos, na arte de cuidar e consolar os corações aflitos e entristecidos.

Como se não bastasse este cenário gerado pelo coronavírus, hoje ao seu lado convivemos com a realidade da guerra entre Rússia e Ucrânia que nos atinge em todas as nossas realidades. Ainda: as narrativas das violências sofridas por mulheres, crianças, adolescentes, jovens, idosos, grupos e etnias. Durante o 105º Jubileu do Bom Jesus, queremos refletir estas situações para tomarmos uma atitude evangélica de sermos homens e mulheres instrumentos de Paz num mundo em conflitos e guerras. Neste sentido, o tema geral do nosso Jubileu será: “O Bom Jesus é a nossa Paz: Do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14).

A guerra nunca será a solução para os problemas da humanidade. A guerra é sinal da perversão do coração do homem. O Papa Francisco tem sido uma voz profética, denunciando o horror da guerra e tem se esforçado para estabelecer o diálogo entre Rússia e Ucrânia, a fim de que a paz possa prevalecer. Vejamos as palavras do Santo Padre sobre a guerra na Ucrânia, no encontro com os participantes do Congresso da Fundação Pontifícia Gravissimum Educationis, no dia 18 de março próximo passado: “Estamos acostumados a ouvir notícias de guerras, certo, mas muito longe. Síria, Iêmen… habituais. Agora que a guerra está perto, ela está na nossa casa, praticamente, e isto nos faz pensar na selvageria da natureza humana, até onde somos capazes. Assassinos de nossos irmãos. […] Pensamos em tantos soldados que são enviados para o confronto, muitos jovens, soldados russos, pobrezinhos. Pensamos em tantos jovens soldados ucranianos, pensamos nos habitantes, nos jovens, nos meninos, nas meninas… Isto acontece perto de nós. Somente o Evangelho nos pede para não olhar para o outro lado, que é precisamente a atitude mais pagã dos cristãos: quando um cristão se acostuma a olhar para o outro lado, ele lentamente se torna um pagão disfarçado de cristão. É por isso que eu quis começar ente encontro com esta reflexão. A guerra não está longe: ela está perto da nossa casa. O que eu estou fazendo? Aqui em Roma, no Hospital Bambin Gesù, há crianças feridas pelos bombardeios. Levá-los para casa. O que devo fazer? Faço jejum? Faço penitência? Ou eu vivo despreocupado, como normalmente vivemos em guerras distantes? Uma guerra sempre – sempre! – é a derrota da humanidade: sempre. Nós – os instruídos, que trabalhamos na educação – somos derrotados por esta guerra, porque por um lado somos responsáveis. Não existem guerras justas: não existem!”.

As palavras de Francisco ecoam em nós de que forma? O que fazemos com as notícias sobre guerras e violências que escutamos todos os dias? Qual tem sido nossa atitude? De compromisso pela restauração da paz no mundo? De atitudes de compaixão e misericórdia junto às vítimas destas realidades? Ou temos sido indiferentes?

Aproveitemos o Jubileu para rezarmos o Projeto de Paz do Bom Jesus. A sua a bem-aventurança é para aqueles que trabalham em favor da paz: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Os seus discípulos deverão sempre deseja a paz: “Ao entrardes numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna volte a paz a vossa paz” (Mt 10,13). O perdão deverá ser algo constante nas relações dos discípulos: “Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21-22). Na oração dos discípulos, o Bom Jesus ensinou que o perdão que recebemos de Deus vem à medida que perdoamos os nossos irmãos: “perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem” (Mt 6,13). O Bom Jesus, já quase morto, suas palavras foram de paz: ‘Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34) E aos discípulos desanimados pelo horror da sexta-feira Santa, a palavra de Jesus é de paz: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Pois, o ressuscitado está no meio da comunidade.

O Bom Jesus não só falou ou ensinou sobre a paz. Ele é a nossa paz. Tudo foi restaurado por Ele. Neste tempo em que vivemos marcados por tantas crises, urge criarmos esta cultura de paz, olhando para o próprio Bom Jesus que nos deu o exemplo e convidou a sermos seus discípulos. A cultura da paz começa dentro de nós, no modo de viver de cada crente, no trato com as pessoas e no cuidado com a nossa casa comum. Vamos fazer do Jubileu um tempo propício para esta reflexão. E que Deus nos dê a graça de sermos em toda e em qualquer situação instrumento de sua Paz.

Pe. Marcos Antônio Alencar Duarte, SDN

Pároco e Reitor do Santuário Bom Jesus de Manhumirim

A programação do Jubileu acontecerá da seguinte forma:

105º Jubileu do Bom Jesus de Manhumirim-MG

O Bom Jesus é a nossa Paz:

do que era dividido fez uma unidade

[Ef 2,14]

Dia 07 [Qua] – Viver em Paz é o projeto do Bom Jesus para toda humanidade

1Cor 7,25-31 Sl 44(45),11-12.14-15.16-17 (R. 11a) Lc 6,20-26

Missas: 07h, 11h, 15h e 19h30

15h – Unção dos Enfermos

19h – Procissão com o Bom Jesus, da Praça Pe. Júlio Maria ao Santuário, com todas as Comunidades da Paróquia Bom Jesus

Peregrinação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Alto Jequitibá – Pe. Matheus Roberto Garbazza Andrade, SDN

Dia 08 [Qui] – Viver em Paz é ter direito a vida em plenitude

Dia do Servo de Deus – Pe. Júlio Maria De Lombaerde

Mq 5,1-4a ou Rm 8,28-30 Sl 70(71),6 e Sl 12(13),6 (R. Is 61,10) Mt 1,1-16.18-23 ou mais breve Mt 1,18-23