1a LEITURA – Is 42,1-4.6-7
Este é o 1o dos 4 cânticos de um personagem misterioso que aparece no livro do profeta Isaías. Ele apresenta, assim, os 4 cânticos do “Servo do Senhor”: 1o) Is 42,1-9; 2o) Is 49,1-6; 3o) Is 50,4-11; 4o) Is 52,13-53,12.
Quais são as características deste personagem misterioso?
Como age o Servo do Senhor?
Qual é a sua missão?
Quem é o Servo do Senhor?
Poderia ser o próprio Israel, um personagem específico, ou o próprio profeta. Os primeiros cristãos veem nestes cantos do Servo uma clara profecia que se realiza plenamente em Jesus. “Não poderia ser também uma personificação das nossas comunidades cristãs com uma missão de luz e justiça para a sociedade e o mundo paganizado?” (cf. Revista “Vida Pastoral”).
2a LEITURA – At 10,34-38
Este capítulo do livro dos Atos marca a abertura para os pagãos. Os primeiros cristãos tiveram que romper com esta grande barreira para a propagação do evangelho, que eram os pagãos, vistos pelos judeus como impuros e fora da possibilidade de salvação. Foi um parto difícil, mas aconteceu com a força do Espírito Santo. O protagonista desta novidade é Paulo.
Pedro está hospedado na casa de um curtidor de peles chamado Simão (10,6). Curtidor de peles é profissão impura e marginalizada, mas Pedro se identifica com os marginalizados. Pedro é chamado para ir à casa de Cornélio – um pagão, mas “temente a Deus”, ou seja, simpatizante com o judaísmo (10,1-5). Na casa de Cornélio, Pedro faz um sermão, onde podemos destacar os seguintes ensinamentos:
Com este episódio narrado em todo o capítulo 10, Lucas (autor dos Atos dos Apóstolos) mostra como, pela força do Espírito Santo, a Igreja rompe as barreiras do nacionalismo judaico e abre as portas para todos os povos considerados gentios ou pagãos.
EVANGELHO – Mc 1,7-11
O evangelho de Marcos pretende responder à pergunta: Quem é Jesus? Mc 1,1 mostra o que ele vai provar que Jesus é o Cristo (= Messias) e o Filho de Deus. Os textos chaves vamos encontrá-los no princípio, no meio e no fim do seu evangelho: Mc 1,11 com a voz do Pai “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”. Mc 8,29 com a resposta do chefe dos apóstolos: “Tu és o Cristo”; de novo com a voz do Pai, na transfiguração em 9,7: “Este é o meu Filho amado, ouvi-o”: e, no final, na boca do centurião romano, portanto pagão, em Mc 15,39: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”.
Aqui temos duas testemunhas: a primeira é João Batista para quem Jesus é o mais forte e mais digno do que ele. João deixa claro que ele não é o Messias. O Messias é Jesus. Jesus, de fato, se apresentará com a mesma força do Senhor. É isso que indica a expressão: “o mais forte”. Ele recorda as ações de Deus na história de Israel em favor de seu povo marginalizado e empobrecido. Ele batizará não com água, mas com o Espírito Santo. João, com seu batismo na água, está preparando as pessoas para a chegada de Jesus que vai mostrar a proximidade do reino (v. 15).
A segunda testemunha é a voz do céu. Na verdade, Jesus não precisava ser batizado, pois ele não tem pecado. O seu batismo é mais um ato de solidariedade com os pecadores. Da parte do Pai é a investidura messiânica do seu filho, ou seja, o Pai reconhece seu Filho como Messias, como seu ungido, que vai agir em favor do povo. Depois que Jesus é batizado, os céus se rasgam e o Espírito, como uma pomba, desce sobre Jesus e aí, vem uma voz do céu. O rasgão no céu é a realização do sonho do profeta Isaias (63,19). Indica que não há mais distância, nem barreira, entre Deus e os homens. Deus vem até nós na pessoa de Jesus. Jesus cheio do Espírito Santo é o próprio Filho de Deus no meio de nós. A voz do Pai (v. 11) recorda o Sl 2,7 e Is 42,2. Quer mostrar que Jesus é o Filho de Deus investido como rei-Messias e como Servo do Senhor para exercer a justiça e o direito em favor do povo oprimido.